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Domingo - 26 de Agosto de 2018 às 17:54

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Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço aos domingos
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço aos domingos

O jogo político-eleitoral tem duas fases: o (1º) embate pela melhor ideia ou projeto e (2º) os ataques pessoais mútuos. Mas as discussões de plano ou de programa continuam esquecidas ou ignoradas. Sempre foi assim. A disputa eleitoral fora e é marcada por apenas o das agressões com palavras. Agressões e ataques que atraem eleitores e servem de arma para a desconstrução de imagens dos adversários. Isto é uma prática antiga. Não apenas entre udenistas e pessedistas no período de 1947-1965. Acionada também por emedebistas e arenistas, durante o regime burocrático-militar (1964-85) e tanto por tucanos e como por petistas, seguidos pelos demais coronéis, chefes, chefetes e candidatos de outras atuais agremiações. Neste ano, quando se tem em disputa quase todos os cargos eletivos, exceto os de prefeito e de vereador, os recursos jurídicos foram intensificados como instrumento de desconstrução de imagem do concorrente. Muito mais utilizado pelos candidatos, partidos e coligações localizadas em lado oposto das siglas, aliança e do candidato situacionistas.

É o que se vê, lê e ouve. Partidos como o DEM, PR e PDT já entraram com uma série de pedidos com o fim de obrigar o governo a retirar as propagandas institucionais, vídeos nas redes sociais. Aparentemente, tais pedidos são apresentados como moralizadores e em defesa de igualdade de condições na disputa (se assim fosse, seria elogioso). Quando, na verdade, a intenção é bem outra. Bastante diferente. Tão somente como mecanismo para provocar um desgaste prorrogado do candidato à reeleição. Somam-se a estes, dois pedidos de impugnação da candidatura do Pedro Taques. Deram entrada a eles, duas coligações: a que dá sustentação ao candidato Mauro Mendes e a do Wellington Fagundes. Ambas se valem da fraude na ata da convenção relativa à candidatura Taques ao Senado. Fraude reconhecida pelo TRE/MT e que levou à cassação do mandato do senador Medeiros (31/07). Cassação suspensa, por decisão monocrática, do TSE. As coligações, através de seus advogados, defendem que jamais deveria ocorrer a indivisibilidade da chapa (estão corretas neste particular), e que, por isso, poderá ser revista pelo TSE. Dizem que o desmembramento foi para inocentar o então governador. Por fim, trazem como fundamento a de que o Pedro Taques sabia da fraude e "preferiu concorrer ao mandato de governador para fugir das consequências do julgamento", entre os quais "a inelegibilidade".

Fundamento frágil, até porque a candidatura para outro cargo na metade do mandato de Senador não o livraria das consequências, caso a chapa fosse toda cassada. Qualquer calouro do curso de Direito sabe disso. Cientes igualmente deveriam estar às coligações. Então, elas só entraram com a impugnação por um único objetivo: o de provocar desgastes ao candidato da situação. Desgastes, prorrogados e somados com outros, levam a desconstrução da imagem do governador. Desgastes que ganham corpo e se tornam bem mais fortes com o processo de publicitação repetida e massificada das ações. Isto leva a fuga de eleitores e de votos.

Aliás, foi exatamente o que aconteceu com o Júlio Müller (PTB) quando candidato a prefeito de Cuiabá, em 1954, e que teve contra si dois pedidos de impugnação de candidatura. Expedientes que o enfraqueceram na disputa, e, somados a outros e acrescidos a desacertos dele mesmo na campanha, a sua própria derrota. É exatamente este o real objetivo das coligações do Mauro Mendes e do Wellington Fagundes. É isto.

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço aos domingos. E-mail: lou.alves@uol.com.br.



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