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Domingo - 02 de Setembro de 2018 às 22:11

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Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta

O debate televisivo é sempre muito esperado pelo eleitorado. Igualmente pelos candidatos. Bem mais para aqueles que têm um tempo muito pequeno no horário eleitoral de TV e rádio. Pois naquele, ao contrário deste, a divisão é igualitária, cabendo a cada um o mesmo tempo. Oportunidade em que, na verdade, eles conversam com os votantes. Conversa que se dá tanto pela oralidade como pela comunicação corporal. É nesta última, talvez, que o telespectador-eleitor deveria se atentar um pouco mais. Por ser ela mais reveladora e mais sincera. Ainda que se tenha todo um ensaio e preparação de como o candidato "A", ou "B", ou "C" deve-se comportar. Comportamento maquiado. Mesmo assim, é possível se identificar um gesto ou expressão fora do "script", e é esta, claro, que permite uma leitura mais apurada do desempenho dos candidatos. Alguns deles, aliás, se apresentam com uma imagem que nada tem a ver consigo mesmos, outros mais afoitos, e, além destes, os tensos e nervosos. No debate realizado pela TV Vila Real, estes três tipos foram possíveis de serem identificados. Cada um dos candidatos ao governo do Estado de Mato Grosso teve sua cota de pecado.

Nenhum deles foi perfeito, até porque perfeição, neste campo, inexiste. Inexistiu também aquele que comandou o ritmo do debate. Erraram. E como erraram feio! O Artur (REDE) e o Franz (PSOL) se mostraram, por vezes, acanhados e, na maioria, afoitos, a ponto de se atropelarem em determinados momentos com as palavras. Eles eram francos atiradores. Nada tinham a perder, e não perderam a oportunidade. Pois tinham munições suficientes, até em razão da vulnerabilidade do Mauro Mendes (DEM), Pedro Taques (PSDB) e do Wellington Fagundes (PR). Vulnerabilidade sabida e divulgada, a despeito de seus respectivos marqueteiros, os quais procuram, por meio de maquiagem, esconder os desacertos deles. Pois são notórios os erros do hoje democrata quando se encontrava à frente da prefeitura cuiabana (2013-2016), em especial na pasta da saúde; assim como são visíveis os desacertos do governo tucano, bem como o descompasso havido entre a atuação do republicano (desde 1992) e o que deveria ser realizado por um congressista.

O senador-candidato ainda se viu atrapalhado no debate em questão. O nervosismo lhe era visível. Tanto que se perdeu todo, esqueceu palavras e tornou o seu discurso confuso. Ele que vinha com o propósito de colocar na discussão as obras inacabadas, com o fim de colocar na parede o governador. Embora tenha tentado, sem êxito, fazer pressão sobre o democrata, acusando-o de ter deixado, na Capital, obras pela metade. O democrata veio para o debate com uma tática bem definida e ensaiada: apontar os erros da atual administração estadual, com a ajuda (por ele provocados) dos candidatos de oposição. Tática, inicialmente, seguida a risca, porém perdida a partir do segundo bloco. Titubeou-se e mostrou inseguro. Mesmo que tenha procurado fazer um malabarismo todo para se mostrar senhor de si. Postura forçada. Deixada às claras no instante em que chamou a atenção (ou um pito ao) do candidato do PSOL, que lhe havia formulado uma questão sobre corrupção, e também na hora em que na réplica procurou "corrigir" (pois não era governador) o senador-republicano. Acontece que o republicano não o havia chamado de governador, e sim de prefeito (por três vezes e Vossa Excelência por duas vezes). Já o tucano chegou ao debate disposto a apresentar os acertos do seu governo. Conseguiu em certos momentos, mas não soube fazer isto sempre.

Faltaram a todos eles, a bem da verdade, habilidade, capacidade de reflexão e conteúdo. Isto é grave. Muito ruim para o eleitorado que, provavelmente, terá que escolher "o menos pior". Tarefa difícil, pois eles são muitos parecidos. É isto.

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço aos domingos. E-mail: lou.alves@uol.com.br.



URL Fonte: https://toquedealerta.com.br/artigo/1181/visualizar/