ROSÁRIO CASALENUOVO
Infecção na gengiva pode matar
Um dente fraturado é uma esponja cheia de bactérias, como se fosse um formigueiro, que leva contaminação para o corpo todo e pode matar.
Um simples dente que pode estar quebrado ou com cárie profunda, que aparentemente necessita apenas de uma restauração ou canal, pode levar à cepticemia, uma infecção generalizada no corpo, carregada pelo sangue, e até à endocardite (o sangue leva as bactérias ao coração).
O sangue pode estar com fungo, mofado, o que causa inflamações, disseminando para o organismo todo. A inflamação é tida como uma excreção como a urina, o suor, as fezes. É um lixo que circula no corpo, que está excretando algo indesejável.
Pode ser causado por intolerância de alimentos como farinha, glúten, leite, proteína, etc. Mas as infecções da boca são muito sérias, muito graves e indolores. O paciente não reclama de sensibilidade, embora esteja com os ossos dos maxilares tomados.
Os ossos são minerais, e ao contrário do que se imagina, não têm sensibilidade nenhuma. São como a unha ou o cabelo, e por isso as bactérias se alojam pelos ossos da boca sem a pessoa perceber.
Outro local que é crítico também é a gengiva, na sua região em contato com o dente. A gengiva possui uma capacidade inexplicável de produzir uma “cola” que faz com que ela fique grudada no dente, vedando totalmente a entrada de qualquer micro-organismo.
Essa aderência acontece também nos implantes dentários onde a gengiva também gruda na superfície do metal, mas para isto tanto o dente como o metal devem estar com uma superfície lisa e sem resíduos. Mas diante da inflamação da gengiva, essa “cola” pode não se formar, e abre uma espécie de bolsa entre gengiva e dente. Com isso, a superfície interna da gengiva fica como uma “carne viva”, e assim a entrada de bactérias para o sangue e organismo é fatal.
Também há a inflamação que possui toxinas e leva à reabsorção no osso alveolar, que sustenta o dente e pode prosseguir até a perda total do dente em alguns anos. Mas o problema maior não é a perda do dente, mas principalmente a infecção periodontal que o paciente convive por todo este tempo. Um sinal é o sangramento fácil da gengiva.
Voltando ao dente que sofreu a perfuração por uma cárie e avançando para a polpa (nervo do dente), tirando a vitalidade do dente. Esse órgão dental passa a ficar oco e ser habitado por bactérias anaeróbicas, que são as mais nocivas para o organismo.
O dente na sua constituição não tem apenas o bucado do canal, mas toda a parede do dente que tem sua parede toda perfurada como uma colmeia de abelha, chamada canalículos dentinários. Com isso, o dente passa a ser como uma esponja cheia infectada, que aloja trilhões desses micro-organismos.
Os canais que são obturados pelos dentistas basicamente obturam com todas as bactérias nas paredes do dente como um tijolo de oito furos que fica vazio por dentro. Está vindo da Alemanha um segmento medico que condena todos os dentes que possuem canal obturado e pede para extrair.
Outra alternativa é o uso do ozônio para matar essas bactérias. A ozonioterapia na endodontia está ganhando espaço como alternativa para salvar os dentes, prometendo matar os micro-organismos alojados nos canalículos dentinários.
No meu tempo de atuação na odontologia, vejo até hoje uma inocência dos pacientes que apresentam os dentes fraturados, e com o canal infectado. Assim, o dente funciona domo um canudo que leva os micro-organismos da boca para dentro do corpo, dando para observar pela face como o indivíduo se apresenta com o corpo inflamado e o sangue mofado e infectado. São inúmeros cidadãos que caminham pelas ruas assim, correndo grande risco de infecção generalizada e até morte.
As pessoas que possuem mais de 40 anos dificilmente terão caries. Os problemas a partir dessa idade estão abaixo da gengiva, por dentro. Cuidado com as limpezas dos dentes que são realizadas nos consultórios, pois são realizadas apenas para cima da gengiva, sendo que os problemas estarão sempre abaixo, por dentro da gengiva, subgengival.
Então digo que a partir de uma idade mais avançada, vá ao dentista não para cuidar dos dentes, mas sim da gengiva (periodonto) e das prováveis infecções que a boca leva para o corpo.
Drº Rosário Casalenuovo Júnior, é Diretor Clínico do Instituto Machado de Odontologia – Brasília (DF), São Paulo (SP) e Cuiabá (MT); Co-autor do livro Cirurgia Ortognática e Ortodôntica; Presidente da ABOR-MT (Associação Brasileira de Ortodontia - SEC.MT); Membro da Academia Libero-Latino-Americana de Disfunção Crâneo-mandibular e Dolor Facial; Membro da Academia Libero Latino Americana de Estética Médica e Interdisciplinar. Especialista em: Ortondontia (Bioprogressiva e Arco reto); Ortopedia Funcional dos Maxilares Dor Orofacial e Disfunção de ATM; Formação no Conceito Castillo Morales de Reabilitação; Autor do Conceito Arquitetura da Face; Autor do Conceito Ortodontia Funcional e Estética. Email: dr.rosario@institutomachado.com.br