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Domingo - 09 de Setembro de 2018 às 18:10

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ALECY ALVES, Jornalista e estudante de Serviço Social
ALECY ALVES, Jornalista e estudante de Serviço Social

O que fazer com uma multidão de famintos, de seres humanos que se viram obrigados a deixar o país de origem por não terem comida à mesa, tampouco perspectivas de emprego, de dias melhores?

Pela primeira vez em sua história o Brasil está diante de uma crise humanitária internacional. Até então, além da nossa própria e grave crise, apenas assistíamos comovidos o que acontece no mundo. A chegada e morte de imigrantes tentando desembarcar em outros países, especialmente no continente Europeu.

De acordo com dados da Presidência da República, divulgados esta semana, desde 2015 até agosto deste ano mais de 75 mil venezuelanos procuraram a Polícia Federal em Roraima para se regularizar no país.

Esses são apenas os que buscaram a regularização pois, ainda conforme a Casa Civil, 154 mil venezuelanos já entraram no Brasil por Pacaraima, município a 215 Km da capital Boa Vista. Desses, 27 mil fizeram esse caminho nos últimos dois meses.

O fluxo diário de entrada pela fronteira está na média de 500 venezuelanos. Sabemos que um município de fronteira como Pacaraima, também pobre e com carências históricas, não comporta tamanha população.

Também sabemos que questões humanitárias não nos permitem fechar a fronteira, impedir que outros venezuelanos ocupem o Brasil. Mas também não temos como atender todos que chegam em busca de ajuda.

A Venezuela tem 30 milhões de habitantes, dos quais grande parte está tentando sair de lá. E, claro, dá para entender a decisão deles. Com inflação de 2.500% em 2017 e previsão similar para este ano, somada à escassez de alimentos, não há amor à pátria que resista.

Pode até ser fácil entender, porém difícil de aceitar que o país que tem uma das maiores reservas de petróleo do mundo chegue a essa situação. E que não tenha pensado em ter reservas em moeda estrangeira para, em situações emergenciais, importar mantimentos e artigos de primeira necessidade.

Acredito que não seria diferente se algo similar ocorresse no Brasil. O problema, em ambos, tem a ver com a gestão, ou melhor, falta de gestão.

Agora o Governo Brasileiro começou o processo de interiorização dos estrangeiros, ou seja, passou a espalhar o problema nos quatro do país. Tapando o sol com a peneira.

ALECY ALVES, Jornalista e estudante de Serviço Social



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