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Quinta - 17 de Janeiro de 2019 às 00:12

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Tenho sido questionado e assisto diariamente a questionamentos sobre a validade dos governos que entram. Falo do federal e em nosso acaso, do governo de Mato Grosso. Há muita esperança misturada com muita desconfiança. Prefiro assim. Já vimos em outros momentos a esperança inteira depositada num projeto político e demos com os burros n´água. O mais recente foi o do PT. Todo mundo apostou e deu no que deu. Deu mal porque a esperança pacífica e não raciocinada da população gera prepotência e arrogância de quem governa. Em qualquer lugar e em qualquer época.

Qualquer governo precisa de dois ingredientes pra se dar bem: oposição e espírito crítico da população.

Nos dois casos atuais, há que se comentar. Bolsonaro assume o que sobrou do Brasil. Todas as nossas contradições caíram dentro de uma única caixa e percebemos um país intoleravelmente injusto. Exceto com as castas formadas por alguns setores empresariais, pela mídia nacional profundamente irresponsável, pelas corporações públicas e pelo serviço público. Acima de todos, um Estado apodrecido e ganancioso. Arrecada e arrecada. Torra tudo por meio de gestões desavergonhadas. E incompetentes.

No caso de Bolsonaro, há que se reconstruir um país descosturado ao longo de 518 anos. No caso de Mato Grosso há se reconstruir um governo arrasado ao longo de sucessivas gestões. Em 1997 o governador Dante de Oliveira fez a última grande reforma da máquina estatal. Pesada e ineficiente como agora. De lá pra cá, deteriorou-se novamente. Porém, mais grave porque a Constituição de 1988 criou sistemas corporativos de poder dentro do Estado que arrasaram os governos estaduais e a Nação.

Mauro Mendes assumiu o governo em situação de falência funcional, financeira e econômica. É natural que haja muita desconfiança no ar. Não se pode julgar nenhum governo antes dos 100 dias, que é um prazo criado aleatoriamente, como uma espécie de moratória ao governante pra ele achar o rumo da gestão. No caso de Mauro, ele terá que enfrentar uma série de frentes de confronto. E não poderá ter medo de enfrentar aliados e adversários pra superar os confrontos. Exemplo disso é a Assembleia Legislativa. Aliada e adversária. Aliada quando precisa dela pra votar o que precisa ser votado nas reformas necessárias. Adversária porque ela é um vampiro financeiro sem fundo.

O funcionalismo público é outro adversário/aliado. Os demais poderes, idem. O que eles tem em comum? Os privilégios escandalosos em alguns casos, e a vontade férrea de não abrir mão deles. Do lado de cá, um cidadão desprotegido sob todos os aspectos e pagando os impostos que sustentam os privilégios e direitos dentro de uma máquina estadual cara e ineficiente.

Encerro com uma reflexão. Tanto o governo federal quanto os governos estaduais merecem um tempo de paciência dos cidadãos até que se encontrem dentro do emaranhado de burocracias do Estado.

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso



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