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Terça - 12 de Março de 2019 às 00:32

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Um dos setores mais relevantes da economia brasileira, a agricultura de exportação, cresceu 3,17% em PIB-volume no ano de 2018, conforme dados divulgados pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) da Esalq/USP, a partir de pesquisa feita em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Todavia para este ano de 2019, o primeiro trimestre apresenta uma tendência de queda do volume de negócios no setor, se comparado com aquele cenário visto no ano de 2018, o que serve de alerta para os setores envolvidos.

O maior problema se localiza na geopolítica, e as críticas do presidente Bolsonaro foram fundamentais para o início de um rearranjo nas negociações de produtos como a soja. A China compra quase 100% do que é produzido no Brasil, mas o país demonstrou desconforto após as repetidas manifestações do presidente brasileiro, e revidou com ameaças de rompimento nos contratos de compra.

O alinhamento sem critérios do governo brasileiro aos interesses dos Estados Unidos, que não é parceiro no setor do agronegócio - mas um concorrente-, de acordo com avaliações especializadas, gerou um fenômeno inusitado: a reaproximação entre o governo Trump e a China, que deverão discutir sobre barreiras comerciais ainda na primeira quinzena deste mês de março.

A China é o maior parceiro comercial do Brasil. Em 2017 o volume de exportações brasileiras destinadas à China chegou a U$ 50 bilhões de dólares, e as importações somaram U$ 28 bilhões, resultando em um superávit de U$ 32 bilhões. O nosso produto carro-chefe é justamente a soja triturada.

Já os Estados Unidos impôs uma tarifa adicional de 25% sobre a soja exportada para a China, o que fez com que o produto brasileiro ficasse mais atraente. Todavia o governo Trump dá um “drible da vaca” em Bolsonaro, e ao mesmo tempo em que acena amigavelmente com uma das mãos, com a outra executa novo acordo comercial com o governo chinês.

Outro problema gerado à agricultura pelo governo Bolsonaro possui relação com a questão ambiental, principalmente com a liberação desenfreada do registro de agrotóxicos, o que compromete a qualidade da nossa produção. A União Europeia já deu seguidas manifestações no sentido de que a falta de compromisso do produtor brasileiro com a agenda ambiental pode resultar na diminuição dos negócios.

Mas esta não é a única notícia ruim.

A indústria nacional segue diminuindo de tamanho, depois de uma curva ascendente em 1988, em que representava 27% do PIB, Produto Interno Bruto, a soma de todas as riquezas produzidas no país. Voltou a crescer em 2006, chegando a 17,8%, mas caiu para 11,3% no ano passado. Ou seja, sem a indústria de transformação, em queda acelerada, o Brasil depende cada vez mais do agronegócio.

Vilson Pedro Nery, advogado Especialista em Direito Público.



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