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Quarta - 24 de Abril de 2019 às 00:00

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A incontinência anal ou incontinência fecal é caracterizada pela incapacidade de controlar a eliminação de gases e fezes, ocorrendo de forma espontânea e em locais indesejados. Fatos que causam intenso desconforto, vergonha e perda da autoconfiança, impondo, muitas vezes ao indivíduo o afastamento das atividades de trabalho e lazer.

Estima-se que cerca de 2 a 7% da população jovem e de idosos apresentem incontinência anal ou fecal, sendo mais predominante em mulheres. A prevalência aumenta com a idade e atinge cerca de 11% dos homens e 26% das mulheres com mais de 50 anos.

Alguns eventos podem prejudicar a integridade dos Músculos do Assoalho Pélvico (MAP) e causar a incontinência anal ou fecal, como o ganho de peso, a gestação, o parto vaginal, parto cesárea, sedentarismo, excesso de carga nas atividades físicas e outros.

Podemos classificar a incontinência anal como leve quando compreendida pelo escape de fezes líquidas em quantidade pequena, o que ocasionalmente suja as roupas íntimas. E a grave, determinada pela perda considerável de fezes líquidas ou sólidas, fazendo com que o indivíduo faça o uso de protetores (fraldas ou absorventes).

E o sucesso no tratamento dos problemas relacionados à continência anorretal vai depender da precisão no diagnóstico, ou seja, no conhecimento da causa exata do problema. A primeira etapa é descobrir se a falha está na percepção das fezes, no armazenamento delas ou na sua evacuação.

Para problemas na percepção, o tratamento com fisioterapia costuma apresentar resposta bastante satisfatória e rápida. Estímulos da ampola retal podem ser feitos com balonetes, terapia manual, eletroterapia, e outras técnicas, de acordo com cada caso.

Já para os problemas no armazenamento (ou incontinência) o tratamento varia muito de acordo com cada caso. Quando o problema é causado pela ruptura de um esfíncter, por exemplo, a correção necessária pode ser cirúrgica. Depois da cirurgia ou para os casos de incontinência onde não há lesão muscular direta, ou onde esta lesão é mais moderada, a fisioterapia também apresenta resultados bastante satisfatórios, podendo regredir a incontinência em até 100%. Nesses casos o fortalecimento muscular é, normalmente, o tratamento mais indicado para este tipo de incontinência. E pode ser feito através de técnica manual ou biofeedback eletromiografico.

Na evacuação, os problemas são causados mais comumente por dietas inapropriadas aliadas ao relaxamento insuficiente da MAP e dos esfíncteres durante a evacuação. Questões comportamentais também tem papel fundamental, especialmente na mulher que, normalmente, tem mais problemas em usar banheiros públicos. E não adota a postura correta (sentada de forma relaxada, pernas suficientemente afastadas, pés apoiados, cotovelos apoiados nos joelhos) ou não respeita o tempo suficiente para a evacuação. A terapia comportamental com fisioterapeuta especialista e orientação com nutricionista pode resolver o problema.

Além dessas, temos uma técnica inovadora, a radiofrequência, empregada na produção de calor, ocasionando aquecimento por conversão. Produz energia e calor para a camada mais profunda da pele enquanto a superfície se mantém resfriada e protegida, efetivando a produção de novas fibras de colágeno, melhorando, assim, a função perineal.

A presença de incontinência anal representa um problema de saúde pública, nos dias atuais, a baixa investigação dessas perdas, pelos profissionais de saúde, e a pouca quantidade de queixas pelos indivíduos que apresentam essa condição, dificultam as ações voltadas para sua prevenção. Essa baixa queixa dos indivíduos está diretamente ligada à vergonha de falar sobre sua problemática. A perda também leva a diversas restrições na vida social dos indivíduos acometidos dessa disfunção.

Não tenha medo ou receio em procurar ajuda, caso apresente sintomas de incontinência fecal.

Juliana Miranda é fisioterapeuta Pélvica, Uroginecologia, Coloproctologia e Disfunções Sexuais do Instituto de Gastroenterologia e Proctologia Avançado (IGPA)



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