JOÃO SPENTHOF
Cooperativismo de crédito: trabalhar para transformar
Cooperar é uma palavra que tem várias definições. Uma delas é operar em conjunto, é – o que podemos dizer – ser coautor(a) de uma mesma obra. Esses “coautores” são chamados de agentes transformadores da sociedade. É assim que tratamos as pessoas envolvidas com o cooperativismo. Independentemente da área de atuação da cooperativa, o propósito é que as pessoas cresçam juntas, ação que contribui diretamente para a redução da desigualdade econômica e social. E quando se fala em cooperativismo de crédito, dizemos que essa transformação caminha ao lado do empoderamento financeiro. Empoderamento que não se traduz em independência com individualidade, mas sim em independência com união e desenvolvimento coletivo. Ou seja, o cooperativismo de crédito atua criando oportunidades para que as pessoas possam se organizar, planejar, trabalhar e realizar sonhos.
Neste dia 17, na 3ª quinta-feira de outubro, celebramos o Dia Internacional das Cooperativas de Crédito (DICC). A data, comemorada mundialmente, nos faz um convite para refletir sobre a história, as conquistas e os diferenciais do cooperativismo de crédito. Em 2019, a data leva o tema “Serviço local. Alcance global.”, e tem o objetivo de mostrar como a soma da atuação local das cooperativas de crédito resulta em um impacto positivo mundial. Isso porque, os benefícios do cooperativismo de crédito criam raízes, que se ramificam e se estendem a outros territórios, e promovem um efeito cascata de desenvolvimento econômico e social, o que resulta em um mundo melhor e de oportunidade para todos.
O Cooperativismo de Crédito tem tradição e continua sendo moderno, porque é feito de histórias e precursores - em diferentes lugares do mundo – que acreditaram ser este o caminho de uma vida mais igualitária e justa. Desde Friedrich Raiffeisen, na Alemanha, até Theodor Amstad, no Brasil, chegando inclusive a ter um representante de peso em Mato Grosso: o padre João, desbravador do cooperativismo local e considerado patrono do Sicredi em Mato Grosso.
Batizado como Johannes Berthold Henning, o padre João nasceu na Alemanha em 1934 em uma família tradicional. Foi apresentado à religião católica pela avó paterna e aos sete anos já era coroinha. Após cursar Pedagogia entrou para o seminário e foi ordenado padre em 1962. Cinco anos depois chegou ao Brasil, especificamente em Mato Grosso. A convite do bispo da época, Dom Wunibaldo, assumiu a paróquia de Bom Jesus, em Juscimeira.
Naquela época, o lugar reunia duas glebas (Juscilânia e Limeira) e não tinha nenhuma infraestrutura. Carente de tudo – água encanada, energia elétrica e posto de saúde, por exemplo, e com residências e comércios precários -, foi nesta região que o padre João arregaçou as mangas e colocou em prática o cooperativismo. Ao unir a fé em Deus e nas pessoas, trabalhou duro para ensinar e encorajar os moradores da região a confiar neles mesmos e a mostrar como o trabalho conjunto os ajudaria chegar mais longe.
Foi assim, com o apoio e orientação do padre João, que os produtores rurais da região se uniram para fortalecer a produção agropecuária – atividade econômica que ainda predomina no município - e assim constituir a Cooperativa Mista Agropecuária de Juscimeira (Comajul), que até hoje serve toda a região e tem papel muito importante na economia local. Padre João foi um dos fundadores da Sicredi Vale do Cerrado, e apoiou na constituição de muitas outras cooperativas de crédito em Mato Grosso.
Assim como o grande líder comunitário que foi o Padre João, o Sicredi está sempre focado no legado do cooperativismo de crédito, e segue engajado num novo projeto: ser signatário dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU), do qual o Brasil já é signatário. Quer somar forças para um chamado universal contra a pobreza, para proteção do planeta e para proporcionar que todas as pessoas tenham paz e prosperidade. Para atingir essas metas, uma agenda global com 17 objetivos é listada pela ONU, e provoca ações de governos, do setor privado, sociedade civil e cidadãos para que sejam alcançados.
As ações promovidas pelo Sicredi coincidem com pelo menos 16 ODS, em menor ou maior intensidade. O simples fato de o Sicredi ser a única instituição financeira em mais 200 cidades brasileiras mostra a importância dada às comunidades, independentemente do número de habitantes ou vocação econômica.
Ao oferecer crédito e estimular o desenvolvimento dos associados; desenvolver o Programa A União Faz a Vida nas escolas; arrecadar alimentos, promover passeios ciclísticos e corridas, ou o plantio de mudas de árvores, por exemplo, o Sicredi realiza ações em linha com alguns ODS como: Redução da Pobreza, Educação de Qualidade, Fome Zero e Agricultura Sustentável, Saúde e Bem-estar e Ação Contra a Mudança Global do Clima.
Iniciativas que sempre fizeram parte da agenda do cooperativismo de crédito, desenvolvido há 116 anos no Brasil e vão ao encontro de uma agenda global atual da qual o Sicredi quer fazer parte oficialmente, pelo bem comum das comunidades, dos municípios, do país e do planeta. O desenvolvimento individual pode ser potencializado pelo esforço coletivo. É por isso que o Sicredi, enquanto instituição financeira cooperativa vai além de soluções e trabalha para melhorar a vida financeira de seus associados ao mesmo tempo em que ajuda a trazer qualidade de vida para a comunidade. Para nós, todo dia é Dia Internacional das Cooperativas de Crédito.
*João Spenthof é presidente da Central Sicredi Centro Norte