Vicente Vuolo
VLT 70% pronto em Várzea Grande
Existe uma unanimidade por parte dos engenheiros envolvidos na discussão do imbróglio do VLT: que a retomada das obras deve começar por Várzea Grande.
Um desses engenheiros, com notório saber em mobilidade urbana, é José Pícolli, que participou do projeto por indicação do Ministro das Cidades, à época. Pícolli, que também foi diretor de engenharia, planejamento e construção do VLT do Rio de Janeiro, afirmou
“Existe um gigantesco canteiro de obras construído numa área de 74 mil metros quadrados para 40 trens e 240 vagões, montado ao lado do aeroporto Marechal Rondon. Lá funciona o Centro de Controle, Manutenção e Operação (CCO) e o Pátio de Manutenção e Oficina (PMO), com equipamentos caríssimos como: bobinas de cabos e mais de 40 km de cabos estocados para a linha de energia, todo o restante dos trilhos, Aparelho de Mudança de Via (AMV), 9 subestações completas, todos os controladores de pista, consoles e computadores do painel principal de controle, todos os postes que sustentarão os cabos de energia (catenária), semáforo de via férrea, sonorização, câmeras de controle e caixas de passagem elétricas e de água 5 mil plantas em formato A1 de projetos executivos prontos”.
Além dessa mega estrutura, foram construídos somente em Várzea Grande: um viaduto que dá acesso ao aeroporto Marechal Rondon, um viaduto na Avenida Couto Magalhães, a estação de passageiros ao lado do aeroporto, 3,5 quilômetros de trilhos eletrificados até a entrada do bairro Cristo Rei. Ou seja, faltando apenas 1 km de trilhos para chegar à ponte de 224 metros sobre o rio Cuiabá, que já está construída e pronta para receber os trilhos do VLT.
Segundo o presidente do Instituto de Engenharia de Mato Grosso, Jorge Rachid, um grande entusiasta pelos trilhos “como já tem 70% das obras prontas, em apenas 8 meses de obras, teremos funcionando os trilhos do VLT em Várzea Grande. Inclusive, já foi realizado um teste do VLT nesse primeiro trecho, tendo funcionado perfeitamente”.
E para isso, existem depositados na conta do governo do Estado de Mato Grosso, R$ 193 milhões, dinheiro suficiente não só para a conclusão do trecho de Várzea Grande, mas também, para a extensão dos trilhos até o centro de Cuiabá. Com a retomada das obras, serão gerados 1.200 empregos diretos e 4.000 indiretos.
Com isso, o que se poderia fazer é uma Parceria Público Privada, tanto para a operação como para a conclusão do restante das obras até o CPA e o Coxipó. Mas, com uma observação importante: o “P” Público estaria em vantagem, pois o Estado já teria feito a sua parte. Segundo o Secretário Nacional de Mobilidade Urbana que criou o Grupo de Trabalho (GT), Jean Pejo, “o VLT ganha em todos os quesitos. É a solução técnica, institucional e econômica”.
A falta de transparência é uma característica que acompanha a apatia do governo. Se ainda há algum obstáculo para o início das obras, a sociedade desconhece. Nada é informado, debate algum é feito com a sociedade e suas entidades. Isso gera muitas especulações sobre a índole deste governo e suas prioridades.
É lamentável que isso continue acontecendo em Mato Grosso. O Estado paga pelo empréstimo de 1 bilhão realizado em 2012 para a construção do VLT, R$ 4 milhões por mês (ou R$ 48 milhões por ano) de juros para nada. A sociedade merece mais respeito. Do jeito que está é que não pode continuar.
Se o Governo do Estado de Mato Grosso não tem interesse em finalizar a obra, então, que a entregue para o Governo Federal, que está priorizando a conclusão de obras inacabadas. É muito simples!
Vicente Vuolo é economista, cientista político.