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Sexta - 18 de Abril de 2014 às 08:20
Por: Lourembergue Alves

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O viver em democracia é respeitar o direito de outrem em também se posicionarem. Ainda que tenham ideias diversas sobre igual tema. A diversidade é algo necessário. Melhor: imprescindível até para o bem do próprio regime democrático, uma vez que este jamais seria possível sem a pluralidade do pensar, do agir e dos pontos de vistas diferenciados. Tripé que exige o diálogo e a negociação – esteios de um só processo, cuja existência se fortalece com a discussão, nunca com a desqualificação da pessoa do interlocutor. E é com esse espírito, o de democrático, que esta coluna traz para a reflexão um texto do ministro do Esporte, Aldo Rabello, publicado recentemente pelo site da UOL.

Nele, o ministro realça o “legado da Copa” e o “otimismo” sobre o seu resultado. Dois pontos que, na verdade, são relevantes para o sucesso do mega evento. Sucesso que é desejado por todos os brasileiros. Igualmente para aqueles que devem se valer do momento para deixarem aflorar seus descontentamentos, suas insatisfações e decepções com relação a um monte de coisas erradas no país, distantes do padrão FIFA.

Alheio ao caos existentes, proporcionados pela ausência de planejamento e sensibilidade administrativa, o ministro escreve: “(...) a festa do futebol inova ou acelera obras de infraestrutura para usufruto perene do povo, traz turistas, melhorias de segurança e telecomunicações, empregos, aumento capitalizado de negócios e consequente incremento do PIB”.

É claro que a Copa do Mundo proporciona as cidades-sedes uma série de benefícios. Bem mais, evidentemente, no tecido arquitetônico urbanístico, com obras que não seriam possíveis se o cenário fosse outro, sem os jogos de futebol do dito campeonato.

Neste particular, o ministro tem razão. Mas, infelizmente, talvez empolgado com o evento e/ou com a tarefa de esconder as realidades cotidianas, logo em seguida escreve: “a festa do futebol (...) também reforça ou introduz em grau inédito mecanismos de transparência e escrutínio dos gastos públicos”.

A verdade é bem outra. Não houve transparência alguma. As obras foram superfaturadas, sem o controle devido, pois não se teve fiscalização. Soma-se a isso, tanto ou mais preocupante, a aplicação do dinheiro público em obras particulares, a exemplo de algumas arenas.

Isso significa que o público ainda é extensão do privado. Na Copa da Alemanha, em 2006, a administração de Munique consultou a população se podia construir a avenida que levasse ao estádio, erguido com dinheiro particular.

Por aqui, tragicomicamente, o povo só é chamado para pagar as contas. Desrespeito total a vida democrática. Absurdo!

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.


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