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Discussão Necessária
Em recente pesquisa, o Datafolha registrou que 62% dos brasileiros não têm dúvidas de que a democracia “é o melhor dos regimes”, já para 16% deles “tanto faz” e para 14%, “em certas circunstâncias, o melhor seria a ditadura”. Estes números, assim como quaisquer outros, são frios e, por conta disso, carecem de analises e interpretações. O instituto fizera isso, porém faltou se debruçar um pouco mais a um simples detalhe: o distanciamento entre o conceito e a prática democrática. Tanto que muitos atribuem a democracia às mazelas existentes no país, como se a corrupção e a impunidade, por exemplo, fossem próprios da vida democrática. Isso explica o terceiro índice percentual, elevado, e que se somam ao segundo, deixando um quadro de incertezas e de intranquilidade.
Quadro, aliás, alimentador da defesa da “volta dos militares ao poder”, e, pior, inibidor do avançar democrático. E, aqui, cabe acrescentar, não se deve, de forma alguma, achar conexão entre os desacertos dos governantes e o envolvimento em falcatruas de políticos e agentes públicos com o viver democrático. Tais situações, as quais são cotidianas e institucionalizadas, revelam bem outra coisa, a falha dos brasileiros na condução e no caminhar nos trilhos da democracia. Esta falha se deve a sua ausência de formação política. O que explica a dificuldade dos contribuintes em lidarem com as diferenças e com os diferentes, até mesmo pela vivência marcada por preconceitos e o dar um jeitinho para se conseguir um ou outro favor dos poderes constituídos.
Isso é próprio do Estado brasileiro, erguido sobre três pilares básicos: corporativismo, patrimonialismo e o cartorialismo. É este tripé que carece ser demolido, pelo bem da atual fase vivida, que é, sem sombras de dúvidas, bem melhor do que a viabilizada pela ditadura, onde o encontro de três ou mais pessoas nos logradouros era caso de polícia, e isso “poda” qualquer iniciativa de liberdade, além de impedir a politização.
Politização e liberdade são palavras-chaves de um mesmo processo. Palavras carregadoras de significados e significantes. Estes e aqueles precisam ser melhor entendidos. Caso contrário, esse não entendimento pode paralisar a democracia. Esta, vale dizer, jamais vem em uma badeja pronta e acabada. Ela é uma eterna construção. Daí a necessidade da participação de todos os integrantes da comunidade política, denominada Estado brasileiro. Pois a democracia não é, nunca foi, nem será de responsabilidade de meia dúzia de privilegiados.
Os desacertos registrados - resultantes no quadro caótico da saúde, educação e seguranças públicas – não são frutos da democracia. Pois este é o governo do poder visível – nada por debaixo do tapete, nada as escondidas. Ausência disso revela que o processo democrático ainda está engatinhando, muitíssimo longe do que deveria ser. Culpar, portanto, a democracia pelos desvios do erário e pela insensibilidade dos governantes é cometer um grave erro. Erro que distancia o presente do futuro, mas aproxima, e muito, o hoje do pretérito. Um passado que deveria ser refletido, analisado, jamais comemorado ou desejado.
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: loua.lves@uol.com.br.
Quadro, aliás, alimentador da defesa da “volta dos militares ao poder”, e, pior, inibidor do avançar democrático. E, aqui, cabe acrescentar, não se deve, de forma alguma, achar conexão entre os desacertos dos governantes e o envolvimento em falcatruas de políticos e agentes públicos com o viver democrático. Tais situações, as quais são cotidianas e institucionalizadas, revelam bem outra coisa, a falha dos brasileiros na condução e no caminhar nos trilhos da democracia. Esta falha se deve a sua ausência de formação política. O que explica a dificuldade dos contribuintes em lidarem com as diferenças e com os diferentes, até mesmo pela vivência marcada por preconceitos e o dar um jeitinho para se conseguir um ou outro favor dos poderes constituídos.
Isso é próprio do Estado brasileiro, erguido sobre três pilares básicos: corporativismo, patrimonialismo e o cartorialismo. É este tripé que carece ser demolido, pelo bem da atual fase vivida, que é, sem sombras de dúvidas, bem melhor do que a viabilizada pela ditadura, onde o encontro de três ou mais pessoas nos logradouros era caso de polícia, e isso “poda” qualquer iniciativa de liberdade, além de impedir a politização.
Politização e liberdade são palavras-chaves de um mesmo processo. Palavras carregadoras de significados e significantes. Estes e aqueles precisam ser melhor entendidos. Caso contrário, esse não entendimento pode paralisar a democracia. Esta, vale dizer, jamais vem em uma badeja pronta e acabada. Ela é uma eterna construção. Daí a necessidade da participação de todos os integrantes da comunidade política, denominada Estado brasileiro. Pois a democracia não é, nunca foi, nem será de responsabilidade de meia dúzia de privilegiados.
Os desacertos registrados - resultantes no quadro caótico da saúde, educação e seguranças públicas – não são frutos da democracia. Pois este é o governo do poder visível – nada por debaixo do tapete, nada as escondidas. Ausência disso revela que o processo democrático ainda está engatinhando, muitíssimo longe do que deveria ser. Culpar, portanto, a democracia pelos desvios do erário e pela insensibilidade dos governantes é cometer um grave erro. Erro que distancia o presente do futuro, mas aproxima, e muito, o hoje do pretérito. Um passado que deveria ser refletido, analisado, jamais comemorado ou desejado.
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: loua.lves@uol.com.br.
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