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Sábado - 22 de Fevereiro de 2014 às 09:24
Por: Lourembergue Alves

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O bate-papo sobre verdades e mitos na política regional, até por conta do número de e-mails recebidos em razão do texto anterior, foi acrescido de mais uma parte. Adição que também se justifica em razão das disputas acirradas travadas entre UDN e PSD, e estas eram sempre observadas de perto pelo PTB. Partido que montou toda uma estratégia, cujo propósito lhe pudesse servir, como de fato serviu para construir seu próprio caminho rumo à disputa pela chefia do Executivo estadual; enquanto udenistas e peessedistas protagonizavam brigas eleitorais memoráveis. Inclusive nas disputas pela chefia da administração dos considerados, à época, principais municípios do Estado.

A documentação do período, somada a artigos e noticiários veiculados pelos jornais locais, tidos como oficialmente porta-vozes das agremiações partidárias existentes, conta as ditas brigas e disputas. Não se trata de uma narrativa didática. Ninguém é ingênuo por esperar que fosse. Pois cada periódico, até mesmo por sua função nas eleições, procurava levar a sardinha para seu lado ou, melhor, para o de sua agremiação.

Isto, contudo, não é motivo para o estudioso da política e do jogo político descartar a leitura de seus textos. Estes são riquíssimos. Riquezas, com as quais se podem desfazer assertivas vendidas como “verdades”, a exemplo daquela que atribui à construção da “Ponte da Confusão” - acesso ao “Pito Aceso”, em frente do córrego Prainha, no atual bairro do Baú - como causa única da vitória do Hélio Palma de Arruda (UDN) contra Júlio Müller (PTB) para suceder Garcia Neto na prefeitura de Cuiabá, em 1958. História contada repetidas vezes pelos udenistas, em especial pelo próprio saudoso ex-prefeito. Tanto que passou também a ser dita por uma porção de gente, e, por essa razão, encontrada em livros e em trabalhos de mestrado e de doutorado.

“Verdade” facilmente desmontada. Basta que se dedique a pesquisa. Isso porque os eleitores da Capital não se concentravam, em sua maioria, no Baú. Os votantes deste bairro, aliás, se dividiam entre partidários e contrários a família Müller, entre simpatizantes do PSD, do PTB e da UDN. E isso, por si só, já eliminaria o lenga-lenga de que a briga pela construção da dita ponte, envolvendo o prefeito Garcia Neto (UDN) e o governador João Ponce (PSD), foi decisivo naquela disputa eleitoral. A tal briga ajudou a esquentar os ânimos dos candidatos, nada mais deste pouco. Mas, na verdade, a derrota eleitoral do Júlio Müller se deve a outros fatores, os quais serão até o final do ano narrados em livro, com igual título deste artigo.

Afinal, vitória eleitoral alguma tem por força uma única causa. Ela se deve a um conjunto de fatores. O que descarta, de vez, a assertiva que atribui à eleição do Blairo Maggi, em 2002, para o governo estadual a luta do “novo” contra os “políticos tradicionais” da terra. Mas esta é uma conversa para o próximo domingo.  Até lá, então, amigos (e) leitores.

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.


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