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Sábado - 08 de Fevereiro de 2014 às 08:31
Por: Lourembergue Alves

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 Na terça-feira (04/02), o PSB apresentou suas “diretrizes”, ou seja, linhas básicas do futuro plano de governo de Eduardo Campos. São, ao todo, doze linhas ou diretrizes, compreendidas em cinco “eixos”: (1º.) “Estado e democracia de alta intensidade”, (2º.) “economia para o desenvolvimento sustentável”, (3º.) “educação, cultura e inovação”, (4º.) “políticas sociais e qualidade de vida” e (5º.) “novo urbanismo e pacto pela vida”. Têm-se, aqui, frases que se cruzam e se entrelaçam, pois não se pode viabilizar o segundo eixo sem ter clareza da importância do primeiro, nem a relevância do quarto, que deve estar associado ao quinto, cujo alcance só será atingido quando se levar em consideração o terceiro, o qual deveria conter fios de conexão com os demais. Vendo desta forma, diria o (e) leitor, “o socialista tem tudo para se dá bem”. “Nem tanto”, observaria outro, “uma vez que nem sempre, durante a disputa, os motes se encaixam com precisão”, e, “mesmo que venham a se encaixar uns com os outros”, interrompe alguém, “dependem da aprovação da população”.

Situação que traz à lembrança a assertiva de que a disputa eleitoral é, de fato, um espetáculo, e como tal, carece de espectadores. Estes, então, precisam ser atraídos, pois os atores dependem de suas aprovações. Mas podem, também, ocorrer o esvaziamento e/ou a desaprovação. E isso, certamente, tem motivações diversas, desde um discurso fora do contexto até a uma peça de propaganda mal feita. Erros, ao contrário do que muita gente pensa, bastante frequentes no tablado político-eleitoral.

Atento a esses detalhes, a equipe do presidenciável socialista procurou alinhar em um único traçado de campanha, até porque não poderia ser de modo diferente, linhas de defesas do PSB e do Rede Sustentabilidade. Casamento, na prática, cheio de problemas, em especial quando se observa as questões de interesses dos empresários do agronegócio. Questões que, claramente, separam Marina Silva e o Eduardo Campos. Divisão, contudo, escamoteada com a ideia de que ambos têm o mesmo objetivo, e, de fato, os têm, embora cada um deles defenda caminho distinto para promover a “economia para o desenvolvimento sustentável”.

Tal objetivo, na verdade, aparece e aparecerá nos conjuntos de promessas de governo. Tanto das oposições quanto da situação. Pelo menos a partir do instante em que as Nações Unidas procuraram propor meios para harmonizar o crescimento econômico e a conservação ambiental. Afinal, ninguém – oposicionista ou situacionista – sai em defesa de mecanismos capazes de suprir as necessidades atuais, sem perder de vista a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações.

Isso, por outro lado, obriga a todos a trazerem para seus discursos a defesa de “políticas públicas” e de um “novo urbanismo”. Frases-chavões que se associam a uma terceira, a de “qualidade de vida” ou “pacto pela vida” – dá na mesma. É nessa esteira, cabe observar, que o candidato do PSB promete: “melhorar a mobilidade urbana”, “investir no transporte coletivo” e trabalhar pela “reconciliação entre a periferia e as áreas centrais das cidades”. Reivindicações evidenciadas pelas manifestações dos dias de junho de 2013 – tomadas de empréstimos pelo socialista-candidato, com o fim de cooptar a adesão dos jovens, e, a parir destes, os adultos que, tanto quanto ou mais, sofrem com a insegurança pública.

Tem-se, então, o enredo de campanha do socialista. É um grande passo, porém está longe de ser tudo. Isso porque o candidato, transformado em “produto”, também depende de outros fatores, os quais, senão bem trabalhados, podem dificultar a harmonia do conjunto das “diretrizes”. Ainda que saia em defesa de tal “democracia de alta intensidade”, como se quisesse dizer que existe uma “democracia de baixa intensidade”, ou “democracia neutra”. Frases de efeito que, como sempre, nada dizem ou servem, a não ser como “perfumaria”, cujo fim é o de atrair o eleitorado, mesmo que inexista meios para cumprir os prometidos.

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.


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