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Segunda - 20 de Janeiro de 2014 às 19:57
Por: Alexandre Garcia

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O IBGE acaba de informar que a inflação de 2013 foi 5,91%. Quase 6%. E seria mais se a Petrobrás não tivesse sido sacrificada com o retardo da atualização de preços, o mesmo acontecendo com o transporte urbano. A meta do governo era de 4,5%. Muito ruim para o trabalhador, que não tem dinheiro sobrando para aplicar e pelo menos empatar nas perdas, e também para os milhões de titulares do FGTS. O Fundo de Garantia murchou, porque teve uma correção de 3,5%. A poupança nova, 5,8%; a antiga, 6,3%. Quem aplicou com CDB, CDI ou Tesouro Direto, ganhou pouco mais de 1% em 2013, já que esses investimentos financeiros renderam de 6,2% a 7%. Só ganhou quem investiu em dólar, que se valorizou 15,3%, dando uma renda líquida de 9,39%. O trabalhador que está endividado ainda amargou uma perda de quase 6% do salário que passou por suas mãos.

Pior do que isso é inflação com falta de crescimento. O resultado do PIB foi pífio, embora menos ruim que a decepção do ano anterior. Agora foi 2,3% e em 2012, 1%. Estamos entre os de pior resultado na América Latina e abaixo da média mundial. Não houve a retomada prometida e o que nos salvou foi a agropecuária, com um incremento de 5,1%, safras recordistas e ultrapassando os Estados Unidos na produção mundial de soja, com ganhos em produtividade. Tudo isso a despeito do MST, da FUNAI, do IBAMA, do INCRA, dos fiscais do trabalho e da previdência - todos parecendo gente com vontade de importar comida, em vez de exportar, como estamos fazendo e segurando também a combalida balança comercial. O único incentivo foi o financiamento subsidiado de máquinas.

A indústria cresceu menos da metade do PIB e o setor de serviços teve desempenho medíocre, igual ao percentual do PIB. O consumo das famílias, que o governo estimulou, perdeu fôlego e os investimentos não foram suficientes para alavancar o PIB. A política fiscal, do Ministério da Fazenda, foi errática, com maquiagens para atingir metas, o que elevou a desconfiança. Como a inflação de dezembro chegou quase a 1%, o Banco Central já se prepara para elevar a taxa Selic de juros. Houve entrada de 65 bilhões de dólares em investimentos estrangeiros diretos, mas não o suficiente para equilibrar o balanço de pagamentos. De fato, houve uma saída líquida de mais de 12 bilhões de dólares, a maior desde 2002, ano em que se esperava a eleição de Lula.

É assim que entramos em 2014, o ano dos feriados, da Copa, das eleições. Ano em que o governo nada fará que tenha gosto amargo. Aliás, o gosto amargo da inflação e suas consequências será temperado pelo carnaval, o futebol e as promessas eleitoreiras. Depois estoura no colo de quem ganhar a eleição, em 2015, e nos bolsos de todos nós.

Alexandre Garcia é jornalista em Brasília

 



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