O Esperar Pra Ver
Na semana passada, alguém ligado ao governo estadual confidenciou a esta coluna da “animação do Silval Barbosa” em sair-se candidato em 2014. Essa animação se deve “a alegria da população com relação às inaugurações das trincheiras, pontes e viadutos”, finalizou. De fato, a entrega dessas obras tem despertado interesse de muitos, entusiasmados taxistas e motoristas que se valem cotidianamente do trânsito cuiabano e deixados esperançosos outros tantos, mesmo diante de olhares desconfiados de uma porção de gente. Ninguém, porém, ignora a relevância delas para a Capital e para o próprio Estado, pois Cuiabá recebe diariamente moradores do interior, os quais, pela pressa e para diminuírem os custos das estadias, necessitam de maior mobilidade por aqui com o fim de conseguirem seus objetivos, geralmente serviços e coisas em repartições governamentais e dos demais poderes.
Tem-se, portanto, um dado retrato da importância das ditas obras que estão sendo realizadas. Isso, evidentemente, mexe com o tabuleiro de xadrez da política. A ponto, por exemplo, de dois ou três partidos tentarem se colocar “como pais das obras” e “responsáveis” pela condição de Cuiabá como uma das sedes da Copa de Futebol. Na linha de frente se encontram o PR e o PMDB, seguidos de longe pelo PSD. Cada um deles, a sua maneira, busca angariar dividendos eleitorais pelo realizado e pelo que ainda possa ser realizado.
Cenário, o que se vivencia, favorável ao peemedebista, até por ser o governador e o tocador – de fato - das referidas obras. Sua saída para a disputa, por outro lado, pode transformar o Chico Daltro em candidato a reeleição. Condição que obriga o hoje vice a juntar as siglas aliadas ou, na pior das hipóteses, parte delas (PT, PMDB e PSD). Mas a tal saída do Silval pode, bem mais, aumentar o bate-cabeças dos partidos de oposição, que já se encontram divididos com a questão da candidatura ao Senado. DEM e PTB não se entendem, e tendem a ficar à deriva com a possibilidade do PR aderir ao grupo que apoia o Pedro Taques ao governo, com a candidatura a senador de Wellington Fagundes.
Mas os dados da pesquisa do Ibope, publicados na sexta-feira (13/12), exigem maior atenção do Silval Barbosa. Segundo o Instituto, 48% dos entrevistados desaprovam a sua administração. Não se discute, aqui, se a pesquisa está ou não correta, nem é este o objetivo deste texto. Mas, isto sim, a análise de seus números. Nesse sentido, aquele é um índice revelador. Revela a impotência do governador como candidato e como apoiador de um nome para sucedê-lo. Esta conclusão, aliás, é o abecedário de qualquer manual de Ciência Política.
Há, contudo, um detalhe que chama bastante a atenção: cerca de cinquenta dias atrás, o peemedebista-governador foi a programa televisivo, esteve em redação de jornais e em espaços radiofônicos, nos quais “prestou contas de suas ações, de seus feitos”. Fizera aquilo que sempre deveria estar fazendo, e não deixar unicamente a tarefa de “prestação de contas” a seus auxiliares. Pois um maior número de contribuintes, então, passou a olhar suas obras de maneira diferenciada.
Isso foi tão significativo que a aprovação de seu governo subiu para 37%, segundo a mesma pesquisa do Ibope. E isso, talvez, explica o entusiasmo do governador.
Ele, contudo, de acordo com a avaliação desta coluna, deveria aguardar um pouco mais. Dar tempo ao próprio tempo. Isso porque 2014 pode ou não ser um ano mais promissor. De todo modo, vale realçar, para o governador, o seu termômetro é acionado pelas obras e suas inaugurações. E esperar para ver como é que fica.
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.