Faltam Candidatos
Falam-se bastante sobre a disputa pelo governo do Estado. Especulações aparecem aos montes, notícias plantadas são divulgadas e analises são cotidianamente feitas. Um detalhe, porém, passa despercebido. A ausência de nomes preparados para o cargo. Isso não é de hoje. Vem de longa data. Retrato que se reproduz nas demais unidades da federação, e igualmente se vê no âmbito federal. As possíveis candidaturas, algumas das quais com o aval de coronéis, estão aquém da necessidade do momento. O momento, tanto no regional como no nacional, requer projetos alternativos de governo. Pois os que se tem em prática, se é que pode considerá-los como tal, já apresentam defasagem e falhas gritantes. Mas, infelizmente, em instante algum, os partidos e as lideranças se mostram preocupados com isso. Preocupam-se tão somente com as benesses do poder. O que explica o tema de suas conversas, sempre em torno de figuras, não de ideias, nem de programas.
Há quem discorde desta assertiva, e essa discordância é salutar, sobretudo no atual estágio do viver em democracia. Porém, certamente, lhe falta argumento suficientemente para sustentar o seu discordar, mesmo sendo obrigado a levantar a bandeira do contra, até por força do contrato ou da sua condição de eleitor-torcedor.
Isso, entretanto, está longe de mudar o quadro das eleições de 2014, em destaque no primeiro parágrafo deste artigo. Ainda que uma porção de (e) leitores venha a comungar com o posicionamento – “achismo” - do discordante. Mudaria isto sim, a direção de alguns votos, e tal mudança deve ser justificada em função da falta de formação política da população, mas jamais transformaria o desenho que se tem. Um desenho político-eleitoral regional altamente comprometido pela falta de gente com capacidade de gerenciamento, de articulação política e de competência administrativa. Estas faltas não são compensadas por falações discordantes, nem pelo teatro de imagens e, tampouco, pelo jogo de palavras.
Alguém poderia, aqui, e com razão, ponderar: “Alto lá! E os nomes de um senador, de um ex-governador, de um magistrado e de um empresário”. Nenhum deles, no entanto, traz na bagagem projeto alternativo de governo. Não traz porque as próprias agremiações estão distantes da população, e, além disso, jamais se preocuparam, de fato, com as necessidades populares. Preocupam, infelizmente, em demasia com a partilha do poder, bem como a de suas benesses.
Destinam-se todo o tempo para seus interesses particulares. Qualquer pessoa, alheia até agora do jogo político, não trará comportamento diferenciado. As páginas da história, aliás, estão repletas desses exemplos. Esconder as ditas páginas agrava a situação. Esta sempre recebe um grosso de maquiagem com o fim de apresentá-la com fotografias bastante diferentes das realidades. E escondem tão bem que nem as possíveis candidaturas de oposição provocam uma discussão a respeito dos problemas reinantes – dedicam apenas a atirar pedras, muitas das quais atiradas com o propósito único de arrecadar dividendos eleitorais, ainda que sem quaisquer programas de governo.
Explica-se, então, a ausência de nomes preparados para o governo estadual, bem como para o federal. Explica-se, mas não justifica. Isso porque já é tempo dos munícipes, contribuintes e eleitores mudarem seus próprios comportamentos, saindo da condição de “não estarem nem aí” para a condição de atuantes, cobradores e fiscalizadores, sem se deixarem levar pela onda do faz de contas.
Onda que leva as pessoas acharem, sonhadoramente, que, a partir de janeiro de 2015, o Estado poderá inaugurar uma nova etapa. É claro que não irá com os nomes então divulgados. Pois nenhum deles carrega coisa alguma na bagagem.
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.