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Domingo - 10 de Novembro de 2013 às 21:24
Por: Lourembergue Alves

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Há quem advoga, e com razão, que o PSD tenha candidato à majoritária (ou ao governo, ou a vice, ou ao Senado). O grande defensor desta tese é a maior liderança da sigla no Estado. O que está corretíssimo neste particular, até por conta do tamanho do partido: 5 deputados estaduais, deputado federal, 39 prefeitos, 275 vereadores e o vice-governador. É, portanto, a maior agremiação da unidade.

Todos os grandes partidos, aliás, deveriam, sim, sair com candidaturas próprias ao Senado e ao governo estadual. Isso enriqueceria a disputa, podendo levá-la para a decisão em segundo turno, e possibilitaria mais opções ao eleitorado – cuja maioria se encontra tão alheia às questões políticas e os negócios públicos.

Acontece, porém, que faltam nomes a altura dos tais cargos dentro das agremiações partidárias. Por isso, evidentemente, o PT e o PMDB continuam refém de um juiz; já o PR parece um barco à deriva; enquanto o PPS, PSDB, DEM e o PSB procuram desesperadamente pegar carona na prancha pedetista. Mas o PDT é o partido de um só senhor, sem noção de conjunto e sem estratégia partidária para a conquista do poder, a não ser o interesse individual, personalizado; e o PP, estranhamente, se encontra destituída de bússola e de direção, deixando-se levar pela estrela solitária de um empresário – sem traquejo político. Este, na verdade, é também a própria estampa fotográfica do PSD que, aliás, a exemplo dos demais partidos, se perdeu no tempo e no espaço, e envelheceu muito antes de ter passado pela maturidade política – etapa tão necessária, sobretudo com o fim de diminuir as distâncias entre as agremiações e o eleitorado.

Apesar disso, o partido já realizou encontros regionais em Sinop, Tangará, Cáceres e Rondonópolis, e deve certamente realizar outros, com o propósito de transformação de “novos” líderes municipais em candidaturas com potencial às vagas da Assembleia Legislativa e da Câmara Federal. Isso, contudo, sem perder de vista a reeleição dos cinco deputados estaduais, bem como a do deputado federal.

Uma vez mais, as disputas eleitorais aparecem como o grande foco dos partidos. Daí as conversações sobre possíveis alianças e a respeito de prováveis nomes. Ainda que não os tenham, com dividendos eleitorais suficientes. Isso explica o surgimento de uma porção de postulantes. Até o mês passado, por exemplo, esta coluna enumerou seis deles para o Senado e cinco para o governo do Estado.

O ideal, porém, seria que cada uma das grandes siglas tivesse dois ou três nomes “fortes” para as disputas majoritárias. O ideal, infelizmente, não representa o real. A realidade por aqui, tanto quanto em todas as unidades da federação, é bem outra. Muitíssimo diferente. Isso explica, por outro lado, o predomínio das vontades particulares, individuais e personalizadas. E são estas, evidentemente, que reforçam a tese de que o PSD deva ter candidato próprio ou ao Senado ou ao governo.

E para esta segunda hipótese, não resta dúvida, que o vice-governador ganha “força” dentro da sigla, sobretudo com a “não candidatura” do grande líder e secretário-geral, a ponto dele intensificar suas viagens pelo interior, carregando na bagagem o programa “MT habita Mais” – um programa em que o governo do Estado facilita o financiamento da casa própria a servidores públicos – estaduais e municipais. Para que o servidor municipal venha aproveitar desse financiamento, a prefeitura terá que firmar convênio com o governo, via Secretaria de Cidades.

Tudo isso, contudo, pode não levá-lo a vitória eleitoral. Mesmo tendo ao lado o maior número de prefeitos e de vereadores. Lição que o PSDB conhece bem, embora dela não tenha subtraído proveito algum. Tampouco os demais partidos a têm como uma página da história para a reflexão. Pois vale, sobremaneira, os interesses personalizados.

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.



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