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Quinta - 30 de Maio de 2013 às 18:39
Por: Lourembergue Alves

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Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta

Em política, assim como na vida cotidiana, existe uma porção de velhos ditados, e, entre eles, o do tal “cavalo arreado”, para o qual o político deve estar sempre preparado para montá-lo, pois o dito “cavalo” não passa pela mesma porta duas vezes. Muitos, sem saber, deixaram-no passar, outros não perderam a oportunidade, a exemplo de José Sarney, Collor de Mello, Fernando Henrique, Lula da Silva e Dilma Rousseff. Hoje, até por conta da atual situação da economia nacional, o quadro é bem adverso: não basta apenas aproveitar a chance, nem se o referido animal trata-se de um belíssimo alazão puro-sangue, é preciso levar na bagagem uma proposta alternativa de governo.

Proposta que, há muito, esta coluna vem cobrando, e procurará fazê-lo à medida que as eleições vindouras se aproximam. Talvez, esta aproximação faça a imensa maioria do eleitorado “cair na real”, e, então, ela deixe de continuar surfando no faz de conta do “oba, oba”, ao som do Bolsa Família e de tantos batuques promovidos pela propaganda oficial.

Até porque é preciso reconhecer que a economia nacional carece ser reoxigenada, e com urgência, uma vez que o sistema adotado – lá no governo Itamar e impulsionado na gestão FHC – já traz alto nível de esgotamento. Um esgotamento que jamais será superado com apenas mecanismos que mantém em alta o nível de consumo da população, tais como a desoneração da carga tributária para um conjunto de produtos e a pressão pela queda da taxa de juros bancários, aumentando a quantidade de moeda em circulação na economia. Processo que diminui os investimentos na produção industrial, e esta diminuição, por outro lado, faz crescer a defasagem entre a capacidade de produzir da economia e o desejo de consumir da sociedade, o que agrava, no entender dos especialistas, a dependência com relação ao investimento estrangeiro direto, que também apresenta ultimamente sinais de declínio.

Isso torna imperiosa a apresentação de um projeto alternativo de governo. Não apenas por parte da oposição, mas igualmente da situação. Aliás, recentemente, em seminário sobre a trajetória do PT, o presidente nacional petista, Rui Falcão, reconheceu que “o legado do ex-presidente Lula da Silva e do atual governo não é suficiente para reeleger a presidente Dilma em 2014”, e, em seguida, acrescentou: “... será preciso apresentar à sociedade uma proposta que vá além da continuidade do que foi feito em três mandatos petistas”. Ainda nesta mesma esteira, o petista mostrou a necessidade de se “acenar com o futuro”, e este aceno o obrigou a fazer a seguinte indagação: “Que novas propostas” o PT oferece “para a sociedade para que ela veja” no atual governo “não só a manutenção do que foi conquistado, mas novas possibilidades de continuar avançando?”

Pergunta necessária. Importante, mas pouquíssimos foram os presentes daquele seminário que sentiram provocados pela questão, e, assim, levados a discutir o dito tema, textualmente explicito na fala do presidente petista.

De todo modo, contudo, deve-se realçar que nem a presidente Dilma está interessada nessa discussão. Isso se justifica porque ela, sequer, conta com o rascunho dessa proposta; tampouco os petistas a têm, e não fazem questão alguma de tê-la.

O mais triste, porém, é perceber que também o Aécio Neves, Eduardo Campos e Marina Silva não a possuem, e “nem estão aí” para o dito debate. Esperam, na verdade, cada um a sua maneira, que o “cavalo passe arreado” para poderem montá-lo, a menos que seja um burrico ou pangaré, até por conta da queda. Pois a Dilma Rousseff parece não querer soltar o arreio que traz o alazão puro-sangue preso as suas mãos. Isso, desde, 2009.

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br 



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