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Sexta - 17 de Maio de 2013 às 00:12
Por: Lourembergue Alves

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Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta

A escola tem um papel importante na formação política dos brasileiros ou, pelo menos, deveria ter. Deveria, porque, há muito, ela deixou de desempenhar o tal papel. Talvez, na verdade, nunca o tenha desempenhado de fato, exceto vez ou outra ocasião durante o regime burocrático-militar.

Esta última afirmação, a que aparece depois da última vírgula, pode não ter a concordância da maioria dos estudiosos das coisas idas e vividas pelo país e seu povo. Não cabe aqui discutir se essa maioria tem razão, nem fazer coro do que ela pensa, e, tampouco, defender uma tese contrária apenas para deixar registrado “o ser do contra”, à moda petista quando na oposição. Não é este o objetivo deste texto, muito menos ser aquele. Mas, isto sim, o de lembrar que a escola nacional, seja particular ou pública, seja secundária, fundamental ou universitária, ignora a tarefa de formar politicamente quem a procura.

Aliás, no seu interior, tem uma “verdade” que deveria ser expurgada: “a escola não pode, nem deve discutir política em suas dependências”. Inexiste uma determinação nessa direção. Prefeito, governador e a presidente jamais recomendaram tamanho disparate. Mas quase todos, professores e funcionários, inclusive dos educandários particulares, cumprem-na religiosamente. Tanto que passam rapidamente pelos temas que, por certo, levariam àquele debate, a exemplo do mensalão, da corrupção e das gastanças nos poderes da República.

Eles confundem, e até por desconhecimento, coisas dos partidos políticos com a discussão das questões e dos negócios públicos. Isso é grave. Bem mais grave quando se observa o enorme distanciamento da população do cenário político, a não ser no instante em que se dirige às urnas a cada dois anos, como se a democracia se resumisse em apenas o digitar o número de candidatos.

O votar é importante. Porém, de forma nenhuma, é tudo. Existem tarefas tanto ou mais relevantes. E que podem ser desenvolvida, inclusive, nos corredores dos prédios escolares, ainda que as salas de aula estejam impedidas para tal uso, pois nelas os alunos estão atentos ao questionário passado, do qual sairá às perguntas da prova, ou a jogos de riscar com “X”, sem qualquer ligação com a decodificação dos símbolos e da mensagem transmitida. O que explica, no geral, a dificuldade que muitos têm para interpretar um texto de três ou quatro linhas. Dificuldades quase sempre registradas nas estatísticas oficiais, a despeito de toda a maquiagem, que tenta encobrir a não formação de leitores críticos, uma vez que se busca tão somente o “prato feito”, jamais a compreensão da mensagem transmitida.

Esta situação inibe qualquer iniciativa, ainda que acanhada, de formação política.

Por outro lado, participar diferencia-se bastante do estar simplesmente presente. Esta diferença aparece com muita clareza no livro “Política”, de Aristóteles. Mas este é um livro muito citado, mas quase nunca lido.

Lê-se uma série de apostilados, menos, porém, o desenho político, social, cultural e econômico do país. Dessa forma fica fácil para os marqueteiros “venderem” os “feitos” dos governos. Isso sem muito esforço, apenas com o malabarismo de palavras e jogos de imagens. Justamente em um ano em que os políticos se reúnem para articular as candidaturas ao governo estadual, a presidência da República e aos Legislativos, estadual e federal, com vistas às eleições de 2014.

Uma vez mais, entretanto, a população está de fora. Está de fora porque não vê a si própria nesta discussão. Isso revela, por outro lado, o seu alheamento, tal como também se nota a falta de interesse pela formação política. Falta de interesse que vem sendo alimentado pela escola.

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br. 



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