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República cambaleante
Triste 15 de Novembro. Lá se vão 126 anos da Proclamação da República, e o que assistimos hoje é cada vez mais desanimador na trajetória do regime Republicano.
O que diriam hoje, baluartes da sua criação, como Joaquim Nabuco e Benjamin Constant, ao virem a ‘coisa pública’ sequestrada pela malversação política?
A perspectiva democrática anda longe, quando o desvio na representação abre grandes fendas éticas em situações na contramão da independência dos poderes.
Vivemos uma insustentável mendicância de valores éticos, com os pilares da República em avançada corrosão.
O velho coronelismo dos currais de votos vem ‘modernizando‘ em intrincadas redes mafiosas entre empresário-empreiteiros e políticos. Verdadeiro saque aos cofres públicos. Esta situação é antiga, vem ‘evoluindo‘ e ampliando as formas de transgressão.
Paradoxalmente, guardas abertas nestes atos nem tão secretos, confiando excessivamente na impunidade e na blindagem política. Isto é, no aniquilamento dos princípios da República.
Em 1986, o PMDB ganhou as eleições aqui em MT, contra os chamados ‘filhotes da ditadura‘, que hoje pulam por todos os lados. Rolou muito dinheiro, principalmente de empreiteiras e outras empresas.
Dinheiro público no boom financeiro na Amazônia legal, sustentada por empréstimos externos e juros internos altamente subsidiados.
Ouviam-se afirmações de que o maior peso ao descrédito do governo que terminava seu mandato, era que os gestores exigiam um percentual muito alto nas propinas.
Diziam os beneficiários e interessados que chegou a ficar insustentável, tal era a forma insaciável no amealhamento dos investimentos com fins escusos e enriquecimento ilícito.
É preciso ir atrás e detalhar o que aconteceu de lá para cá. A transição entre o novo e o velho coronelismo político está exposto aí, até a prisão nestes tempos, de figuras tidas como imexíveis, como José Riva, Silval Barbosa e seus prepostos.
Hoje, quase todos os partidos tem seus atores de interesses ligados a investimentos e obras públicas. A leva enorme de velhos políticos que contam com prazos de prescrição, ainda tentam de alguma forma voltar aos pódios de poder, seja na sucessão familiar, ou na eleição de representantes. Nada republicanos!
A questão das terras em MT também é uma caixa de Pandora fechada a sete chaves, que infelizmente continua intacta.
O 20 de Novembro próximo é uma data em que o povo negro, quilombola e indígena, só têm a lamentar retrocessos. Os dois últimos governos foram os que menos regularizaram suas terras.
Aqui no quilombo Mata-Cavalo, a nossos olhos, nada se fez para a emissão de posse aos direitos constitucionais. Com este Congresso, Câmara Federal, mais conservadores e retrógrados de todos os tempos. procuram aprovar leis que impõe profundos retrocessos, atraso e conservadorismo na luta pelos direitos sociais e humanos.
Da devastação do meio ambiente a perda de direitos das populações tradicionais. As negociatas no Congresso, especialmente na Câmara, crescem em metástases, com pequenas ilhas de resistência.
A agenda do atraso e o aniquilamento dos pressupostos da República é um grande pacote heterogêneo em andamento. Vai desde o rompimento da perspectiva do Estado Laico, a misoginia e a homofobia, as artimanhas para livrar os corruptos da justiça.
Tentam até o perdão e a impunidade para os crimes de lavagem de dinheiro em contas nos paraísos fiscais.
A violência é cada vez maior com a população negra, indígena, mulheres, trabalhadores. Jovens negros são dizimados, esta população que edificou com seu sangue e suor as bases da riqueza do nosso país.
Vai piorar muito com o avança da recessão. Cenário: corrupção alastrada, desilusão da população. Reina a desconfiança nas instituições, nas eleições, no esquema representativo. Seguirá assim, eles contra o povo brasileiro?
Continuo acreditando que essa história pode ser mudada.
WALDIR BERTÚLIO é professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
O que diriam hoje, baluartes da sua criação, como Joaquim Nabuco e Benjamin Constant, ao virem a ‘coisa pública’ sequestrada pela malversação política?
A perspectiva democrática anda longe, quando o desvio na representação abre grandes fendas éticas em situações na contramão da independência dos poderes.
Vivemos uma insustentável mendicância de valores éticos, com os pilares da República em avançada corrosão.
O velho coronelismo dos currais de votos vem ‘modernizando‘ em intrincadas redes mafiosas entre empresário-empreiteiros e políticos. Verdadeiro saque aos cofres públicos. Esta situação é antiga, vem ‘evoluindo‘ e ampliando as formas de transgressão.
Paradoxalmente, guardas abertas nestes atos nem tão secretos, confiando excessivamente na impunidade e na blindagem política. Isto é, no aniquilamento dos princípios da República.
Em 1986, o PMDB ganhou as eleições aqui em MT, contra os chamados ‘filhotes da ditadura‘, que hoje pulam por todos os lados. Rolou muito dinheiro, principalmente de empreiteiras e outras empresas.
Dinheiro público no boom financeiro na Amazônia legal, sustentada por empréstimos externos e juros internos altamente subsidiados.
Ouviam-se afirmações de que o maior peso ao descrédito do governo que terminava seu mandato, era que os gestores exigiam um percentual muito alto nas propinas.
Diziam os beneficiários e interessados que chegou a ficar insustentável, tal era a forma insaciável no amealhamento dos investimentos com fins escusos e enriquecimento ilícito.
É preciso ir atrás e detalhar o que aconteceu de lá para cá. A transição entre o novo e o velho coronelismo político está exposto aí, até a prisão nestes tempos, de figuras tidas como imexíveis, como José Riva, Silval Barbosa e seus prepostos.
Hoje, quase todos os partidos tem seus atores de interesses ligados a investimentos e obras públicas. A leva enorme de velhos políticos que contam com prazos de prescrição, ainda tentam de alguma forma voltar aos pódios de poder, seja na sucessão familiar, ou na eleição de representantes. Nada republicanos!
A questão das terras em MT também é uma caixa de Pandora fechada a sete chaves, que infelizmente continua intacta.
O 20 de Novembro próximo é uma data em que o povo negro, quilombola e indígena, só têm a lamentar retrocessos. Os dois últimos governos foram os que menos regularizaram suas terras.
Aqui no quilombo Mata-Cavalo, a nossos olhos, nada se fez para a emissão de posse aos direitos constitucionais. Com este Congresso, Câmara Federal, mais conservadores e retrógrados de todos os tempos. procuram aprovar leis que impõe profundos retrocessos, atraso e conservadorismo na luta pelos direitos sociais e humanos.
Da devastação do meio ambiente a perda de direitos das populações tradicionais. As negociatas no Congresso, especialmente na Câmara, crescem em metástases, com pequenas ilhas de resistência.
A agenda do atraso e o aniquilamento dos pressupostos da República é um grande pacote heterogêneo em andamento. Vai desde o rompimento da perspectiva do Estado Laico, a misoginia e a homofobia, as artimanhas para livrar os corruptos da justiça.
Tentam até o perdão e a impunidade para os crimes de lavagem de dinheiro em contas nos paraísos fiscais.
A violência é cada vez maior com a população negra, indígena, mulheres, trabalhadores. Jovens negros são dizimados, esta população que edificou com seu sangue e suor as bases da riqueza do nosso país.
Vai piorar muito com o avança da recessão. Cenário: corrupção alastrada, desilusão da população. Reina a desconfiança nas instituições, nas eleições, no esquema representativo. Seguirá assim, eles contra o povo brasileiro?
Continuo acreditando que essa história pode ser mudada.
WALDIR BERTÚLIO é professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
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