Um Partido A Deriva
Corre solta a conversa sobre as candidaturas a sucessão de Silval Barbosa. Os republicanos e os pedetistas já estão na dianteira. Os peessedistas poderiam formar um bloco intermediário. Mas tal possibilidade parece estar descartada sem a presença do presidente da Assembléia Legislativa na disputa. Embora eles se encontrem em uma posição bem melhor que a ocupada pelos peemedebistas, pois a qualquer momento podem entrar no páreo com a figura do vice-governador, talvez na condição de governador; ao passo que o PMDB, sequer, tem um nome a altura.
E olhe que este partido venceu as eleições na maioria dos grandes colégios eleitorais do Estado, em 2012. Venceu, porém, há muito tem dificuldades de emplacar uma grande liderança regional. O governador está longe de ser este líder, e mesmo que fosse não pode mais brigar para continuar no governo. Encontra-se no seu segundo mandato consecutivo, cujo pano de fundo está sendo as trincheiras, viadutos e os trilhos doVLT. Obras, contudo, mal conduzidas e cheias de problemas, e, desta forma, têm provocados mais desgastes que servidos de trunfo eleitoral para o governador. O que o obriga a permanecer com o freio de mão puxado com relação a sua candidatura ao Senado.
Tal situação parece mais complicada quando se percebe que para negociar a candidatura do Silval para o Senado, a sigla tende a abrir mão das candidaturas ao governo e a vice-governadoria. Ainda que dentro do atual grupo situacionista. Grupo que aparenta unido por força de conveniência do momento que, necessariamente, por razão de projeto de poder. Daí a nítida divisão no seu interior: de um lado, aqueles que defendem a candidatura Blairo Maggi; do outro, os que torcem por alguém ou saído do PMDB ou do PSD, e, entre estes dois, a turma que espera por uma figura até então fora do tablado da política.
Entende-se o porquê o nome de Sebastião Julier continua na mídia. Mas sem causar o impacto político suficiente para fazer com que o próprio juiz decida pela corrida ao Palácio Paiaguás. O quadro de hoje, que pode não ser o mesmo de 2014, é bastante diferente do apresentado em 2010, e que levou o Pedro Taques a senatoria.
Taques, aliás, aposta na vitrine nacional para se tornar visível no regional, e, assim, apresentar-se com credenciais para a disputa pela cadeira de governador. Tática antiga. Muito utilizada por outros. Inclusive por Dante de Oliveira. Embora este, é preciso dizer, carregava na bagagem dezenas de atestados de supostos serviços prestados ao Estado, particularmente a Capital, antes de se tornar candidato a chefia do Executivo estadual.
Eis, aqui, talvez, um dos pontos fracos do pedetista. Outro, e que se soma muitíssimo a este, é o fato de que dificilmente ele consiga atrair as grandes siglas, até porque o PSDB e o DEM, que certamente estarão ao seu lado, há muito deixaram de ser grandes no Estado. Suspeita-se que o PSB e o PPS não estarão no seu palanque. Estas siglas estariam a caminho do republicano. Caminho que por certo seria também o do PMDB. Partido que estaria blefando ao propor a candidatura do prefeito de Sinop, ou jogando com a possibilidade de conquistar a vaga do candidato a vice-governador. Hipótese que dificilmente seria preenchida por Juarez Costa, pois a estrela deste gestor não ilumina além dos limites da cidade que administra, e, mesmo nesta, ainda é possível encontrar dezenas de resistência ao seu nome.
Os peemedebistas, portanto, continuam sem um referencial eleitoral. Falta-lhes, inclusive, alguém capaz de fazer os rearranjos e as articulações devidas. O fato de terem as rédeas da administração pública regional, não quer dizer que tenham o melhor ângulo de leitura da estampa político-eleitoral. Pois não sabem usar adequadamente o binóculo. O que explica a dificuldade que os peemedebistas têm em movimentar-se no tablado regional.
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.