Toque de Alerta - toquedealerta.com.br
Geral
Sábado - 13 de Abril de 2013 às 14:51
Por: Lourembergue Alves

    Imprimir


Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta
Uma administração pública é bastante diferente da iniciativa privada. Isso é do conhecimento de todos. Bem mais de quem está à frente dos negócios públicos. O prefeito cuiabano, contudo, age como se estivesse a dirigir seus negócios particulares. Tanto que se esqueceu de abrir um canal de escutatória na prefeitura, e, por isso, comete um erro atrás do outro. O que lhe tem causado desgaste desnecessário, a exemplo da “transferência”, de última hora, da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), que seria construída no bairro Pascoal Ramos, para a Avenida das Torres.

Assim, cabe acrescentar, existem determinadas decisões que independem de uma negociação direta com a população. Esta, afinal, elegeu o governante para tocar as coisas em seu nome. Mas, por outro lado, também há decisões que devem ser precedidas ou resultantes de uma conversa com os munícipes. Tanto nestas quanto naquelas, obviamente, a transparência é imprescindível, até para que a sociedade possa acompanhar e melhor fiscalizar as ações do gestor.

Reside, aqui, portanto, o grande problema da “mudança” da dita UPA. Os moradores do bairro foram os últimos a saberem de que não mais seriam contemplados com a Unidade de Pronto Atendimento. Eles, então, ficaram desapontados – e com razão. Mesmo depois que o secretário de saúde disse que o local escolhido não era propício para a execução da referida obra, uma vez que se trata de um terreno pantanoso. “Descoberta agora”, curiosamente, com a devida análise ou avaliação do solo, que deveria ter sido realizada antes da “compra” da área.

Errou, portanto, a gestão passada. Errou, porém, também o prefeito atual, que ignora um dos preceitos básicos da administração pública, a saber: a comunicação. Detalhe, aliás, esquecido por quase todos os políticos que estiveram à frente da prefeitura da Capital. Foi assim com o tucano Wilson Santos, quando, por exemplo, teve que desativar o terminal da “Bispo D. José”. Realização necessária, mas desacompanhada de informações para a população, e isso deixou a ver navios toda à camada usuária do transporte coletivo, além de complicar a vida de motoristas e proprietários de carros.

Situação que se agravou, não por causa desta desativação, mas pela ausência de uma política de reorganização e disciplinamento do tecido citadino cuiabano. Falta que se repetiu na administração Chico Galindo. Este, estranhamente, se deixou levar pela onda de ausências. Antiga, porém, bastante forte, e que provocou desgastes crescentes nas gestões Dante de Oliveira (1986, 1987-89, 1993-94), Frederico Campos (1989-1992), José Meirelles (1994-96) e Roberto França (1997-2000, 2001-2004).

Desgastes que se agigantam, sobretudo, a partir de outra falta, a de comunicação. Pois a comunicação é o cartão-visita de qualquer administrador público, independentemente de sua esfera, municipal, estadual ou federal. E chega a ser bem mais que um cartão-visita, pois um governo comunicativo é aquele que mantém um diálogo constante e permanente com a população, sem o uso exagerado de maquiagem.

Diálogo tem sempre uma mão dupla: “a que vai e a que vem”, diria o (e) leitor. Estar atento a isso é, no mínimo, cuidado para o que pensa a comunidade representada, e atenção para com o que o governo divulga.

Mauro Mendes, mal assessorado e fechado para as coisas democráticas, parece não entender esse jogo. E este não é qualquer jogo, como o que se dá entre ele e os vereadores, cujo pano de fundo é o “toma lá, vota cá”.

Mas, isto sim, um jogo norteado pela transparência. As quarenta mil assinaturas de moradores contrários à “transferência” da “UPA Pascoal Ramos” (ainda que seja do SUS) simbolizam, exatamente, os crescentes desacertos do socialista-empresário, que parece perdido nestes primeiros meses de governo – e, talvez por isso, vê a si próprio preso em um labirinto.

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br


URL Fonte: https://toquedealerta.com.br/artigo/281/visualizar/