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Domingo - 07 de Abril de 2013 às 20:42
Por: Lourembergue Alves

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Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta

Novamente, a conversa sobre “um novo prédio” para o Legislativo cuiabano. Reivindicação antiga, e até justa, uma vez que ele “vive” de favor em um edifício do Estado. Mas o momento parece não ser propício para o dito empreendimento. Pois não possui dinheiro para tanto, nem a prefeitura tem condições de ajudá-lo, muito menos o governo estadual. Ainda que se argumente que os vereadores carecem ter um melhor espaço para atenderem a população.

É bom lembrar que eles se encontram instalados onde, antes, se encontravam os deputados estaduais. Estes são vinte e quatro, e, portanto, contavam com o mesmo número de gabinetes, sem que para tal se valessem de gambiarras. E olhe que eles, em tese, atendiam os pleitos de prefeituras e de munícipes mato-grossenses, não apenas os da Capital. Isso significa dizer que os vereadores estão bem acomodados ali, em um espaço privilegiado e bastante rico em paisagens históricas. Bem melhor, evidentemente, que nas suas antigas e improvisadas sedes, a despeito de todas as queixas de que o dito prédio tem problemas estruturais, os quais as recentes reformas – superfaturadas – não foram capazes de solucioná-los.

Isso, contudo, não significa que os edis cuiabanos não possam trabalhar por um melhor espaço físico. Podem e devem. Porém, jamais sob a alegação de que em um local maior, com salas mais aconchegantes e atraentes, terão outras desenvolturas. Definitivamente, não terão melhor desenvolturas. Pois o espaço atual está longe de impedir-lhes de realizarem coisa alguma; assim como igualmente em momento algum inibiu os deputados estaduais, quando ali estavam.

Aliás, o argumento que os vereadores se valem hoje é muito parecido do utilizado pelos parlamentares estaduais (“coincidência”, não?). Tanta convicção, que hoje se veem em um prédio próprio, maior, cujas mobílias permitem a eles uma situação de conforto e de tranqüilidade. Mas seus desempenhos continuam aquém do necessário, abaixo da média nacional e de resultado classificado como pior do Centro-Oeste. Inferiores, inclusive, dos trabalhos realizados por antigos deputados mato-grossenses que, em maior número, se acomodavam em ambiente mais acanhado, a exemplo de quando estavam ou no edifício localizado na esquina das Ruas Pedro Celestino e Campo Grande, ou no Palácio de Justiça, erguido quase no coração da Avenida Getúlio Vargas.

Inexistem imagens dos trabalhos desenvolvidos pelos deputados do período de 1947-1967. Mas as atas de suas sessões descrevem um ambiente cheio de debates e de proposituras. Isso tanto por parte da situação quanto da oposição. Esta não se apequenava diante da caneta e das chaves do cofre do Executivo, nem se acomodava ao postar-se frente a frente dos situacionistas.

Udenistas e peessedistas, então, se apegavam como grandes esgrimistas, sempre provocados ou encurralados por petebistas, talvez porque entre estes últimos sempre poderia encontrar-se com alguém ligado a história do velho PCB, a exemplo do deputado Amorésio, que tinha leituras diferenciadas dos integrantes da UDN e do PSD, e até do próprio PTB, partido que lhe tinha a filiação. O que enriquecia, muitíssimo, as discussões, uma vez que o plenário e a tribuna eram, de fato, utilizadas pelos parlamentares. Bastante diferente do que se vê agora, até pela falta atualmente de verdadeiros esgrimistas na Assembléia Legislativa e na Câmara Municipal.

De todo modo, portanto, o mostrar serviço antecede, ou deveria anteceder a qualquer reivindicação dos vereadores. Ainda que tais reivindicações sejam por melhor estadia. Até porque foram eleitos para trabalharem em prol da sociedade, e não parece que os munícipes cuiabanos estejam precisando de um edifício maior, para a instalação do Legislativo, mas sim de parlamentares mais atuantes e desenvoltos.

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br. 



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