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Domingo - 07 de Abril de 2013 às 20:37
Por: Alexandre Garcia

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Alexandre Garcia é jornalista em Brasília
Alexandre Garcia é jornalista em Brasília

Engenheiros da consultora alemã SBP afirmam em relatório que o Engenhão pode desabar se houver ventos acima de 63km/h. A empresa, contratada para acompanhar a obra, inicialmente admitia que, retiradas as escoras, os grandes arcos poderiam ceder um pouco. Mas agora verificam que cederam 50% acima do limite - quer dizer, problema estrutural, sem falar na ferrugem que aparece a olhos vistos, por falta de tinta protetora. O estádio foi feito às pressas, há menos de seis anos, para os Jogos Panamericanos e iria custar 60 milhões de reais, mas custou 400 milhões. Um amigo engenheiro me pergunta o que vai acontecer, cinco anos depois, com os estádios que estão sendo construídos agora com a mesma pressa e a mesma explosão de orçamento.

Enquanto isso, vão construindo um novo Maracanã. Para fazer um estacionamento para o estádio, começam a demolir o Parque Aquático Júlio Delamare, no complexo esportivo do Maracanã. Por contrato com a FIFA, a área vira estacionamento na copa do ano que vem. O parque fora reformado por 10 milhões de reais, para servir aos Jogos Panamericanos e agora servia a 5 mil freqüentadores - 150 atletas, mais alunos de natação, idosos e pessoas com deficiência, que foram despejados nesta semana. O Rio já havia perdido o velódromo e não tem, hoje, estádio de atletismo ou de futebol para grande jogo.

Quando mandou construir o Coliseu romano para 55 mil espectadores, o imperador Vespasiano pensava no panem et circensis - pão e circo - a fórmula demagógica para distrair o povo. Se fosse atualizada poderíamos chamar de cesta básica e futebol. Mas em Roma não foi um desperdício. A arena do Coliseu foi usada para entreter os romanos por 500 anos. O Engenhão, por apenas cinco. Não consigo ouvir elogios sobre os estádios que hoje estão sendo erguidos, a não ser das bocas dos envolvidos no governo e nos eventos. Aliás, outra semelhança com o Coliseu: os estádios de hoje são chamados de arena.

Se o dinheiro estivesse sobrando, o dispêndio com estádios seria normal. Como uma família, que satisfeitas as necessidades de moradia, comida, vestuário, condução, saúde e educação, gastasse o dinheiro de sobra em festas e viagens. Mas o que as pessoas reclamam é que está faltando para hospitais e escolas. A segurança da vida e do patrimônio das pessoas está por um fio. O transporte coletivo é um suplício. E no campeonato do crescimento latino-americano, o país está na lanterninha. E depois? Vão usar os estádios para o esporte amador, como prometem, ou vai acontecer como no Parque Aquático? Quanto aos estádios, durarão como o Coliseu ou como o Engenhão.

Alexandre Garcia é jornalista em Brasília



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