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Domingo - 31 de Março de 2013 às 10:36
Por: Lourembergue Alves

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Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta

“O prefeito anunciou a construção de um novo Pronto Socorro”. Esta é, verdadeiramente, uma grande notícia. Já tem até o terreno para a obra, e, de acordo com um ou outro veículo de comunicação, sabe-se de onde sairão os recursos para torná-la uma realidade. Certamente não será do aumento do IPTU. Pois este foi vetado pelos vereadores. As fontes são outras, e bem mais seguras. Até porque a Cidade há muito carecia contar com uma nova estrutura hospitalar e de emergência para atender a demanda.

Demanda que se eleva diariamente em razão de pacientes originários do interior. E não tem como impedi-los de aportar por aqui, e, mesmo se tivesse, a unidade de saúde jamais deveria recusar-lhes atendimentos. Se bem que muitos doentes, inclusive moradores do lugar, têm atenção médica bastante aquém do necessário, e são “distribuídos” por lugares mais estranhos do prédio, entre os quais os corredores e macas, que deixam por instante de ser peça de deslocamento de alguém enfermo.

Daí a relevância da nova construção. Mais espaçosas, a ser erguida em um local de fácil acesso. Acontece, porém, que uma averbação judicial impede – pelo menos por hora - qualquer empreendimento na dita área. E, para dificultar mais a situação, a própria prefeitura, famílias e a empresa Connc S.A Tecnologia e Informação disputam a titularidade do terreno. Isso desde 2011.

Isso é um complicador, e dos grandes. Difícil, portanto, acreditar que o socialista nada soubesse a respeito dele. A não ser que tenha se valido da construção anunciada para pressionar o Judiciário, e, valer-se da necessidade coletiva, para obter uma decisão favorável; ou tão somente mostrar-se intencionado a cumprir as promessas de campanha, e, desse modo, reconquistar partes da credibilidade perdida no entrevero com a Câmara Municipal, mesmo se as tais promessas sejam barradas pelas dificuldades financeiros da prefeitura, ou por razões que estão fora do alcance da administração pública cuiabana.

O não aumento do IPTU, sequer, foi lembrado no momento do anúncio da “boa nova”. Nem como artimanha de desculpas para a inviabilização da construção do novo Pronto-Socorro. E faz bem. Pois a retomada deste reajuste lhe traria mais e mais prejuízos e desgastes políticos, ao passo que para os vereadores, seria a reconquista da simpatia da população, perdida com a presepada da eleição da Mesa Diretora e a displicência com suas responsabilidades cotidianas.

De todo modo, contudo, nota-se que o prefeito quer estabelecer um diálogo com a população. E, nada melhor, que a partir do anúncio da realização de uma obra – tão reclamada e tão esperada – e com toda a pompa, cuidadosamente preparada pela sua equipe de marketing, diante de um cenário cujo espírito é embalado pela páscoa.

Ambiente de fé. Mas também de reflexão sobre a vida e a respeito do viver. Ainda que o risco da morte esteja presente. Bem mais com a falta de um espaço hospitalar adequado. Espaço que será substituído por outro, maior e melhor.

Mesmo assim, vale dizer, o novo Hospital e Pronto-Socorro serão pequenos diante da crescente demanda. Incrementada pelo contingente também crescente de pacientes vindos do interior. O que seria preciso, obrigatoriamente, a construção de hospitais regionais em determinadas regiões do Estado, com o fim de ajudar a desafogar o da Capital.

Tal medida, contudo, encontra resistência no Parlamento estadual. Pois vários políticos se valem do trazer pacientes do interior para a Capital – até com casas de repousos – com vistas a suas eleições e reeleições. Este expediente funciona como pagamento adiantado do voto que virá no dia da eleição, e contribui para o caos da saúde pública em Cuiabá.

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.



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