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Domingo - 24 de Março de 2013 às 17:51
Por: Lourembergue Alves

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Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta

Só em 2014 a disputa eleitoral. Os políticos, no entanto, já se voltam para ela. O olhar da presidente não tem direção contrária, uma vez que todas as suas ações estão voltadas unicamente a reeleição. O que explica o seu empenho em aumentar o número de inscritos no Bolsa Família, e, por outro lado, a sua contrariedade com relação o posicionamento do país no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), devido à taxa menor que a média dos Estados da América Latina e Caribe, de acordo com o relatório do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).  Nem este fato, porém, oxigena a banda oposicionista, que também tem a atenção direcionada para as eleições do ano vindouro.

Isso revela a inabilidade dos líderes tucanos. Pois, até hoje, têm-se colocados incompetentes para apresentar um projeto alternativo de governo, e, pior ainda, se mostram incapazes de sair da sinuca de bico em que se meteram entre 2003 e 2013, quando os louros ou frutos advindos da estabilidade econômica e do rearranjo administrativo-financeiro foram erradamente creditados em contas de governos petistas.

Sem os dividendos que lhes são devidos, os peessedebistas ficaram e estão totalmente perdidos no tablado de xadrez da política. Perderam, inclusive, suas próprias referências. O vexame, no entanto, se estende a uma interminável briga interna, entre dois grupos que, historicamente, nunca estiveram juntos, exceto no momento da fotografia quando da fundação do PSDB.

Situação que se acirrou sobremaneira depois que a sigla perdeu o poder de mando nacional. De lá para cá, “Serristas”, “alkimistas” e “Aécio-nevistas” sempre remam descompassadamente e se movem orientados por bússolas diferenciadas, cujas forças – contrárias uma com as outras – deixam a deriva a própria sigla tucana. O que torna difícil o “vender” de uma unidade. Mesmo que esta ainda estivesse por ser construída. Até porque não é difícil perceber os desencontros entre as lideranças tucanas. O sonho do José Serra é o mesmo que o do Aécio Neves, mas eles se valem de roteiros diferenciados. Por isso, talvez, no dizer de tucano antigo, o partido “perdeu a noção, a dimensão e o medo do ridículo”, de tanto que ele se acostumou com o próprio “ridículo”. Isso ficou claro nas lutas travadas internamente: em 2002, Serra e Tasso Jereissati bateram-se de frente um contra o outro por causa da candidatura a presidência da República; em 2006, foi à vez de Geraldo Alkimim forçar sua passagem e a indicação de si mesmo; em 2010, Serra atropelou o Aécio; e, agora, novamente o mineiro tenta furar o bloqueio que lhe é imposto pelos “serristas”, e, desta feita, com a ajuda de Fernando Henrique Cardoso.

Aécio, portanto, tende a sair-se vitorioso. Mas esta não será uma vitória por inteira, pois destas brigas internas sempre brotam feridas, que jamais são cicatrizadas. E, no caso do PSDB, são feridas com mais de dez anos. O que dificulta sobremaneira o voo do tucano – sempre em sobressaltos, e isso o faz distanciar em demasia da presidente-candidata.

Dilma, aliás, recentemente, teve 85% de aprovação. Tem a simpatia da imensa maioria dos nordestinos, a despeito da caravana socialista que tenta “vender” Eduardo Campos como candidato. Isso em razão do Bolsa Família, e que pode levar a naufrágio prematuramente a nau da caravana do PSB, especialmente por lhe faltar a pista de partida, bem como o plano de decolagem, além do impulso necessário.

Impulso que talvez tenha a Marina. Mas, também, a esta falta discurso, cuja ausência pode deixá-la presa a rede.

Quadro altamente favorável a presidente-candidata. Petista, porém, vez ou outra, deixa se levar por ondas do PDT, a serem vencidas por prancha do Alceu Colares. 2014 já não está mais tão distante.

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.



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