O Desenho Político É Bem Outro
Já começou a construção das candidaturas ao governo do Estado. Situacionistas e oposicionistas, divididos em grupos mais reduzidos, trabalham vários nomes. Isso, por outro lado, promove outras subdivisões. Bem mais no seio da ala governista, na qual se encontram três partidos que não abrem mão de ter candidatos próprios, a exemplo do PMDB, PR e PSD. Siglas que procuraram ampliar seus espaços particulares a partir das eleições de 2012. A peemedebista, por exemplo, conquistou as prefeituras das principais cidades-pólos, com exceção da Capital; enquanto a social-democrata, em número, foi à grande vencedora, com trinta e nove municípios.
Quadros que ajudam bastante, até no sentido de apresentá-las fortalecidas aos olhos do eleitorado. Mas isso, vale lembrar, não decide a briga pela poltrona central do Palácio Paiaguás, em 2014. As páginas antigas da imprensa são testemunhas disso, desde que revisitadas com a atenção devida. Na disputa de 1992, aliás, os tucanos administravam a maior quantidade de cidades, e ainda contavam com a chefia do Executivo estadual, porém foram derrotados por um “ilustre desconhecido”, que tinha os apoios de dissidentes do ninho e de políticos considerados da velha guarda. Eles perderam, embora a sua agremiação, o PSDB, naquele período, era a grande força política estadual.
A imagem de partido forte, contudo, não pode, nem deve ser desconsiderada. Ainda mais para uma disputa a majoritária, em especial ao governo regional. Por isso, e não sem razão, cada sigla busca seu fortalecimento a partir das eleições municipais, e de eventos que possam lhe dar mais visibilidade eleitoral.
Entende-se, então, o porquê os principais líderes do PSD e do PMDB entraram de corpo e alma na disputa pelo comando da AMM. José Riva e Carlos Bezerra se fizeram de cabos eleitorais. Saiu-se vitorioso, com 91 votos, Chiquinho do Posto (PSD). Esta vitória, obviamente, se deu desatrelada da eleição de 2014, e, até por conta disso, a disputa para o governo estadual está longe de ser norteada pelo resultado da briga pela presidência da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM); assim como também não seria direcionada pelo desfecho da luta pelo comando da União das Câmaras Municipais de Mato Grosso (UCMMAT). Mesmo que se saiba da importância dos prefeitos e dos vereadores na conquista de votos para os candidatos a sucessão de Silval Barbosa.
Vereadores e prefeitos, aliás, sempre foram, e são cabos eleitorais dos deputados estaduais e federais, bem como dos candidatos ao Senado e ao governo estadual. Isso explica a romaria dos políticos para o interior, em especial quando os eventos domésticos podem lhes render dividendos eleitorais significativos. Daí suas fortes contribuições, inclusive com benefícios oriundos do próprio Estado.
Jonas Pinheiro, aliás, soube fazer isso com maestria. O que explica suas vitórias eleitorais seguidas, a despeito da enorme dificuldade que ele tinha para se expressar, bem mais do palanque ou da tribuna. Sua morte deixou um vazio naquilo que se acostumou chamar de municipalista. Condição que tem tido muitos pretendentes, e o maior deles – embora com desenvoltura aquém daquele senador falecido – é o presidente da Assembléia Legislativa que, a todo instante, procura se valer da estratégia para se fortalecer como candidato ao governo estadual.
É um dos fortes candidatos. Mas ainda longe da vitória. Pois esta também depende de outros fatores e de circunstâncias das mais variadas. Circunstâncias e fatores que geralmente estão distanciados daqueles que levaram as eleições dos 39 prefeitos, do presidente da AMM e da UCMMAT. Todos do PSD. E isso não deve ser ignorado.
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.