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Segunda - 26 de Novembro de 2012 às 16:48
Por: Lourembergue Alves

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Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta

Uma vez mais, a mesma canção de uma nota só. Mudança no secretariado. Não se ouve outra coisa. Também não se poderia esperar som diferente tendo a Assembléia Legislativa como disc jockey. O batuque tem início no gabinete da presidência, ressoa no plenário da Casa e chega aos ouvidos do inquilino número 1 do Palácio Paiaguás, e é este que se encarrega de tornar a dita música conhecida, via meios de comunicação.

Acontece, porém, que a sua partitura é mal feita. Por isso, a leitura que se tem dela é a pior possível. Também, pudera, são visíveis os interesses político-eleitorais. Ainda que se queira lhe dar entendimento distinto. Pois reformar está bastante longe de ser simples troca, uma vez que esta apenas põe uma fotografia no lugar de outra que foi retirada. Tudo para evitar descontentamento na base aliada. Mesmo que cada sigla dê o seu próprio tom. Isso tem mexido não apenas com a coreografia, mas igualmente com o ritmo da administração estadual: “devagar, quase parando”, a despeito de todo o barulho advindo das obras preparativas para os jogos da Copa do Mundo.

Barulho que não esconde o descompasso entre o que fala o governador e o retrato da educação escolarizada, da segurança e da saúde. Três setores desprestigiados na Loa – Lei Orçamentária Anual – que estima e fixa a despesa do Estado para o exercício financeiro do ano vindouro.

Porém, comentário algum a respeito se fez ecoar nos corredores do Parlamento regional. O silêncio dos deputados tornou o momento revelador. Revela a displicência e o “não estar nem aí” para os problemas rotineiros da maioria da população, que é obrigada a sofrer com o desatendimento das policlínicas e pronto-socorros, enquanto o governo retém o que deveria repassar para as prefeituras, talvez para engrossar as sobras encaminhadas à Assembléia. De onde sai à gritaria por mudanças de nomes no secretariado. Tudo para reforçar o cacife eleitoral dos coronéis aliados, que precisam acomodar apadrinhados, cujos desempenhos – à frente das pastas lhes presenteadas – podem robustecer a força coronelísticas, à medida que atende as vontades de cabos eleitorais graduados, pagos a partir de 2013.

Isso explica o porquê o governador não vai “reduzir o número de secretarias ou fundir pastas”. O que nada tem a ver com a “sua linha de atuação e as promessas que fez na campanha eleitoral”. Pois promessas, o atual mandatário-mor jamais cumpriu, e não será agora, quase decidido a renunciar em 2014 para candidatar-se a outro cargo, que mudará de comportamento.

Daí a sua opção por troca de secretários. Opção que se deu em razão da pressão dos líderes partidários, em especial do PR, PSD e do PMDB.

Pressão que, aliás, desde o início da então gestão, tornou-se constante e permanente. A lengalenga da entrega dos cargos pelos peessedistas faz parte desse jogo de cartas marcadas, assim como também o faz a defesa dos peemedebistas em reduzir o número de secretarias, ou a vontade dos republicanos em substituírem os nomes dos titulares das pastas que lhes cabem como cota.

Até a própria reação governamental em “não querer entregar as pastas de porteira fechada” pode ser vista ou entendida como jogo de marketing. Efeito de imagem com o fim de tornar “vendável” a música antiga, cuja partitura não seduz nem o mais ingênuo dos cidadãos. Pois música e partitura são componentes de uma mesma peça.

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.



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