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Quarta - 24 de Outubro de 2012 às 11:27
Por: Alexandre Garcia

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Alexandre Garcia é jornalista em Brasília
Alexandre Garcia é jornalista em Brasília

Em São Paulo, mulher com mais de 40 anos e diabética, perdeu o feto de 5 quilos porque fora convencida pela campanha do "parto humanizado". Quis ter o bebê em casa, de parto natural, e quase morreu junto com o feto. Quando entrou em trabalho de parto e percebeu que o bebê não iria sair sem cesariana, procurou o pronto-socorro do hospital mais próximo, mas já era tarde. Com todos os riscos, tentaram o parto e o máximo que conseguiram foi salvar a vida da mãe. Ela foi uma vítima de um surto de imbecilidade que assola o país. No caso, tentando voltar décadas no tempo, quando não havia hospitais, obstetras e recursos, e a pessoa nascia em casa, como eu, pelas mãos de uma parteira, e era sobrevivente numa estatística que registrava sete vezes mais mortes no parto em relação a hoje. A sobrevivente de São Paulo deveria processar essa gente irresponsável que propagandeia o tal "parto humanizado".

Uma colega da Globo, ao comentar o ocorrido, me contou que "no tempo em que era idiota", ficou onze horas de cócoras recebendo acunpuntura, a esperar que o filho nascesse. Respondi a ela que isso só acontece com jornalista que acredita nas ondas de novidades desse tipo de retrocesso para o privitivismo. Outra coisa que gostamos de propagandear é no quanto os índios têm a nos ensinar. Parece mentira que quem entra nessa onda não pára para pensar que nossa cultura evoluiu séculos, milênios, sobre culturas que ficaram na idade da pedra. No entanto, alguns querem que abandonemos a evolução para aderir a primitivismos. Os índios, que estão em busca do progresso e não do retrocesso, por sua vez aderem às parabólicas, aos computadores, aos celulares, do mundo desenvolvido.

Alguns de nós fingem querer que suas noites sejam iluminadas por velas ou fogueiras. O país já está no limiar do esgotamento de sua produção de energia elétrica, como mostram os apagões, mas grupos fanáticos insistem em que não podem ser construídas as hidrelétricas que vão manter a luz nas nossas noites e energia para as fábricas de hoje e do futuro. Por que não contribuem para diminuir a demanda de energia e se oferecem para desligar a entrada de eletricidade em suas residências? Já vivi a época em que a única usina elétrica da cidade era desligada às 10 da noite e todos tínhamos que dormir ou usar vela para concluir alguma tarefa. Ainda bem que veio Itaipu e tomara que depois dela tenhamos hidrelétricas em Belo Monte, Jirau, Estreito e Santo Antônio. Mas há uma bando de chamados ambientalistas que preferem a escuridão.

Na natureza nada é igual. Há árvores mais frondosas e outras menos, porque recebem menos sol. Cavalos que não ganhariam um páreo sequer e outros que parecem ter asas nas patas. Cachorros que são alfa e líderes de matilha. Aves que lideram suas revoadas. E humanos que trabalham pelos outros, que carregam o piano e outros que vão na retaguarda, só andando quando empurrados. A praga do politicamente correto insiste em que somos todos iguais. Não somos. O mérito e o trabalho nos distinguem. O que é preciso é que sejamos todos somos iguais perante a lei, isto é, perante um tribunal. É onde deveríamos ser iguais e não somos. Mas fora de um tribunal jurídico, no tribunal da vida, somos todos diferentes por nossas ações, nossos méritos e nossos defeitos. O resto é conversa mole de hipócritas.

Alexandre Garcia é jornalista em Brasília



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