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Sexta - 19 de Outubro de 2012 às 13:40
Por: Alexandre Garcia

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Alexandre Garcia é jornalista em Brasília
Alexandre Garcia é jornalista em Brasília

Decisão da Justiça não se discute. Cumpre-se. Esse é o aforismo que se repete sempre neste país, como a reafirmar a existência de nossa frágil democracia. Todos repetem, mas nem todos cumprem. José Dirceu não aceita a condenação; José Genuíno tampouco. O notório Valdemar da Costa Neto tentou ameaçar o Supremo com um apelo à corte de direitos humanos da OEA (menos eficaz do que se queixar ao bispo... Rodrigues). E até o absolvido professor Luizinho declara que não aceita o resultado do julgamento de nossa corte suprema.O PT passa por cima do seu estatuto, que manda expulsar os filiados condenados em instância final por crime infamante ou práticas administrativas ilícitas e, ao contrário, se reúne para prestar solidariedade aos condenados. Com isso, enterra o restinho dos ideais de sua fundação.

Os condenados irão para a cadeia. Atrás das grades. Corrupção ativa continuada não dá atenuante nem para regime semi-aberto.

Há quem pense que vão alegar perseguição política e se refugiar na ditadura cubana que, como sabemos, não persegue ninguém. Aliás, José Dirceu já se apresentou como vítima de um tribunal de exceção. Como ele conhece tribunal de exceção em Cuba, onde Guevara fuzilava quem bem entendia, sabe que qualificar o julgamento no Supremo de tribunal de exceção está anos-luz de distância da realidade. Até o ex-presidente Lula participa dessa reação à decisão da justiça suprema do país. Em 2005, ele fez um discurso em que se referia ao mensalão como "práticas inaceitáveis". E afirmava que "o PT tem que pedir desculpas". Agora recomenda aos condenados que fiquem "de cabeça erguida" - nenhuma penitência de pecadores, mas orgulho do que fizeram.

Para o PT, foi linchamento da mídia e condenação sem provas. Como duvidar de um tribunal onde oito dos 11 juízes foram indicados pelo governo do PT? O relator revelou ter votado três vezes em Lula. Não dá para chamar isso de tribunal de exceção. Além disso, o Supremo sofreu, sim, pressão, por parte do ex-presidente Lula. Ele advertiu o seu ex-subordinado, Dias Toffoli, de que não tinha o direito de se declarar impedido, só porque fora subordinado direto do réu José Dirceu. Fez ameaças ao ministro Gilmar Mendes - de acusá-lo de ligações com Carlinhos Cachoeira - ao que o ministro revidou em público, inclusive revelando o teor da ameaça. Gilmar, nomeado por FHC, seria, no entender de lula, um dos poucos a representar perigo para a absolvição dos petistas. Foi à casa de Lewandowski, em São Bernardo, dias antes do julgamento. Mas o escore não deixa dúvidas sobre as condenações e absolvições.

Não aceitar decisão da Justiça é coerente com o autoritarismo do partido que tentou censura aos meios de informação, quando chegou ao poder depois de anos beneficiado pela farta cobertura dos meios de informação à oposição que fez. É o totalitarismo que está na genética, inevitavelmente. Ninguém apóia Hugo Chavez, Evo Morales, Cristina Kirchner e o desaparecido Fidel Castro sem ter razões fortes para isso.

Alexandre Garcia é jornalista em Brasília
 



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