Palanque como esperança
Na ausência de um fato novo, o palanque eletrônico tornou-se a esperança dos candidatos. Particularmente daqueles que se encontram na rabeira das pesquisas de intenção de votos.
Eles jogam todas as fichas nos próprios desempenhos no horário político, ao mesmo tempo em que torcem para que ocorram os desacertos de quem está à frente.
É uma aposta. Não apenas por alguns deles. O erro, contudo, é valer-se tão somente da dita aposta para virar o jogo eleitoral.
Conclui-se, então, que não tem uma boa campanha política. Pois esta, evidentemente, começa com um bom candidato. Impossível, entretanto, de ser encontrado nas disputas deste ano no Estado de Mato Grosso.
Neste particular, igualam-se as cidades de médios e pequenos portes com as cidades pólos. Resultante das dificuldades das agremiações partidárias em se adequarem às necessidades do momento político vivido. Dificuldades que se somam ao despreparo de suas lideranças, as quais preferem atender necessariamente as próprias vontades.
Daí a “fabricação” de candidaturas. O que levou, em muitas ocasiões, a reforçar aquilo que comumente se denominou de “eleição de poste”. Frase bastante pronunciada no país, sempre que se tem uma figura desconhecida do eleitor e alheia ao jogo político.
Exemplos nesse sentido não são poucos. Bastantes o suficientes para preencheram páginas e páginas da história político-eleitoral brasileira. Diz-se, aliás, que uma delas foi recentemente preenchida com o ingresso de um ex-ministro na disputa pela prefeitura de São Paulo.
Não se sabe de caso parecido em Mato Grosso. Pelo menos em 2012. Pois os 369 candidatos a prefeito, até onde se tem notícia, estão bem longe da denominação de “poste”.
Seria, portanto, deselegante relacionar um ou outro deles como tal. Ainda que se saiba da falta de militância política da imensa maioria dos atuais postulantes às prefeituras mato-grossenses. Pode-se contar nos dedos de uma única mão quantos destes trazem na bagagem a militância.
Por certo sobrarão dedos. Isso, por outro lado, denuncia a prática antidemocrática no interior das siglas. Tanto que, na maioria das vezes, o filiado – sem qualquer história no partido e nenhuma vinculação com a sigla que lhe deu guarida – passa a ter vez e voz.
Condição que o coloca em destaque, e, então, transformado em nome de potencial para a disputa. Bem mais quando o filiado tem como padrinho político um coronel. Aliás, não foi por outra razão que o hoje senador republicano ingressou para a política.
O mesmo se pode dizer com relação ao empresário-candidato pelo PSB em Cuiabá que, atualmente, lidera as pesquisas. Grande parte desta liderança, senão toda ela se deve a sua participação em duas disputas eleitorais (2008 e 2010). Experiências que lhe tornaram conhecido. O ser conhecido, infelizmente, não o faz preparado para a disputa.
Detalhe, contudo, ainda não percebido por seus adversários. Adversários que, curiosamente, também não possuem programas de governo capazes de responder aos anseios da população.
Isso explica o porquê não se tem uma boa campanha política, em especial em Cuiabá. Seria ingenuidade dizer ao contrário. Até porque faltam a todos os candidatos discurso consistente, capacidade de articulação e boa imagem política.
Para complicar, nenhum deles possui uma equipe bem estruturada, e, por conta disso, dificilmente irá se adequar ao momento político no qual a eleição está inserida e está a desenrolar.
Situação que parece não mudar, nem mesmo com a entrada de cena do palanque eletrônico. O que obriga aos candidatos retardatários a adotarem outras estratégias a serem utilizadas no espaço da TV e do rádio.
LOUREMBERGUE ALVES é professor universitário e articulista político.
lou.alves@uol.com.br.