Aposta de Uma Unanimidade
As especulações também movimentam as peças no tablado político-eleitoral, e, por conta de interesses particulares, até fazem aumentar as bolsas de apostas das eleições. As deste ano, bem como as de 2014. Para a de governador, aliás, já se ouve um zunzum a respeito de prováveis postulantes. Em recente encontro do PSD, por exemplo, José Riva foi lançado candidato a sucessão de Silval Barbosa, a despeito da Lei de Ficha Limpa.
Entende-se, agora, o porquê o dito peesedista “bate” no governo – faz duras críticas a determinados secretários e cobra, com veemência, a reforma administrativa. Reforma que jamais virá. Não no seu sentido verdadeiro. Todos os integrantes da sigla sabem disso. Mesmo assim continuam a repetir igual toada, cujo refrão é o da entrega dos cargos, que passou para a opinião pública como desprendimento, e este como espírito público latejante.
Cenas elucidativas. Pois revelam um quadro que ainda está por vir. Sobretudo a partir das disputas municipais. Estas, na verdade, “servem de uma sementeira para a concretização do projeto Riva para o governo”, confidenciou um missivista a esta coluna. O que explica os encontros do PSD nos principais pólos do Estado. Em um deles, o vice-governador, Chico Daltro, rejeitou a sua própria condição de candidato natural da agremiação, e passou “a bola” para o presidente da Assembléia Legislativa, a quem – no seu entender – se encontra “mais preparado”, pois “conhece Mato Grosso e sabe como solucionar os problemas existentes”. Exageros que são partilhados por toda a cúpula peessedista. Tanto que o deputado Homero, outro dia, chegou a afirmar que “Riva é o nome que está sendo trabalhado pela sigla para que ele lidere este grande projeto de governo”. Trabalho, pelo jeito, iniciado tão logo o partido foi criado. Certeza que é reforçada por dezenas de filiados espalhados pelo Nortão, cujo coro se pode ouvir no Médio-Norte e até no Oeste, que se repete nos botequins do Vale do Cuiabá.
Curiosamente, nada se ouve a respeito da suposta vontade do parlamentar em “pendurar as chuteiras”, nem da sua “presença” na lista dos “fichas sujas”. Questões por ora deixadas de lado. Pois “o partido tem como única opção para o governo José Riva”, observa um eleitor comum, e isso alimenta a especulação em torno da ida de Chico Daltro para o TCE, alerta outro e-mail.
De todo modo, entretanto, não se pode descartar a hipótese do vice-governador ir para a disputa em 2014, tampouco desconsiderar o nome do deputado Homero para a dita eleição. Ainda que ambos defendam a tese da candidatura Riva. Defesa por três vezes, e aplaudida em cada uma delas por muitos daqueles que se encontram filiados a sigla. Certamente porque consideram, a exemplo do Chico Daltro, que o Riva “é um nome que tem todas as qualificações e densidade para ser candidato, e se tornou unanimidade dentro do partido”, até mesmo “pelo trabalho” desempenhado, “pelo conhecimento” que tem, “pelo resultado político” e “proposta administrativa”.
Isso significa dizer que o PSD conversa sobre as eleições municipais, faz encontros e negociam alianças, sem desviar a atenção da briga pela cadeira de governador. O que alimenta ainda mais as especulações em torno de suas reais possibilidades, que podem ou não ser ampliadas com a apuração das urnas de 2012. Nem sempre, entretanto, o partido político com maior número de prefeitos tem êxito na briga pelo governo do Estado. É pagar para ver o que acontece. Façam, portanto, suas apostas.
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.