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Domingo - 06 de Maio de 2012 às 07:05
Por: Alexandre Garcia

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Alexandre Garcia é jornalista em Brasília
Alexandre Garcia é jornalista em Brasília

Dados oficiais do Ministério da Saúde registram 49.932 pessoas assassinadas no Brasil em 2010. Supõe-se que esse seja um número ainda abaixo da realidade, por falta de exatidão nos registros. Pode-se supor, também que hoje esse número esteja bem mais alto. Se forem 50 mil por ano, temos que sejam assassinadas por dia, no Brasil, 137 pessoas. Não existe guerra no planeta que produza tantas mortes. Iraque, Angola, Chechênia - nenhum desses lugares tem tanta violência quanto o pobre Brasil.

O que mais assusta é nossa falta de reação. A morte rotineira já não nos escandaliza, nem a nossos representantes no Congresso Nacional. Tratam de assuntos menores que a vida. E sobre a vida, nada se trata. Sabemos que grande parte das mortes são provocadas por menores de idade que nem sequer podem ser chamados de criminosos. Eles são os "inimputáveis", como diz a Constituição. E poucos parlamentares têm coragem de mostrar essa tremenda injustiça contra os cidadãos brasileiros, que é dar tratamento especial aos criminosos com menos de 18 anos. Poucos têm coragem de dizer que se eles têm força para matar, têm também idade para responder por seus crimes como qualquer outro assassino. A Nação inteira quer baixar drasticamente a tal idade penal, mas a patrulha do hipócrita "politicamente correto" intimida jornalistas e parlamentares.

Na segunda-feira, apresentando o Bom Dia Brasil, encontrei uma notícia de Fortaleza, mostrando como "absurdo"o fato de em 90 dias terem sido assassinadas 800 pessoas. Fiz as contas de assassinatos no país inteiro no mesmo período e deu 12.330! Somos o país da matança, da carnificina, mas só pensamos na Copa do Mundo - afinal, somos o país do futebol. O mundo todo fala do atirador que matou 77 num só dia na Noruega. Aqui, matamos quase o dobro disso todos os dias e a cada dia. Semana passada os jornais anunciaram que uma tribo brasileira, do Maranhão, é a mais ameaçada do mundo. Eu corrrigiria: não são os Auá; são os brasileiros, os mais ameaçados do mundo. Mas não nos importamos com isso.

Não apenas nos matamos; nosso suicídio também é moral, com Carlinhos Cachoeira, os Mensaleiros, o ódio vingativo da Comissão da Verdade, o egoísmo dos políticos que dão as costas para os que os elegeram; isso sem falar na conseqüência de nossa desorganização social: 217 brasileiros, por dia, a cada dia, são mortos no trânsito. Somando-se aos assassinatos, temos 354 mortes violentas por dia. Se agüentamos isso, é porque somos um povo que não dá a menor importância à vida. Somos um povo suicida.

Alexandre Garcia é jornalista em Brasília



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