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Domingo - 22 de Abril de 2012 às 23:25
Por: Lourembergue Alves

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Governar não é apenas tocar obras, uma vez que a administração pública está sempre às voltas com questões político-partidárias. Particularmente aquelas em que dizem respeito à acomodação dos parceiros. Talvez esta seja – não deveria - uma das maiores preocupações do governante. Isso se quiser manter a base que lhe dá sustentação. Manutenção que exige certa destreza ou jogo de cintura do chefe do Executivo. É nesse sentido que deve discutir a demora para a indicação do novo chefe da SECOPA.

Uma secretaria que foi gestada de maneira equivocada. O mesmo se pode dizer com relação à AGECOPA, sua antecessora. Esta foi criada com o único fim de não deixar desempregados amigos do ex-governador, ainda que se vislumbrasse uma possível derrota eleitoral do nome do grupo que se encontra no poder, e igualmente servir de “prêmios” para políticos “desempregados”.

No seu lugar, deveria ser constituída tão somente uma equipe de trabalho, com três ou quatro técnicos, diretamente subordinada a Casa Civil ou ao governador. O que reduziria sobremaneira os custos para sua existência, e, além disso, mais eficaz e apropriado para tocar as obras destinadas a Copa do Mundo de 2014. Formato que jamais provocaria os transtornos que se viu ao longo destes anos, muitos dos quais gerados pela fogueira de vaidades.

Demissões ocorreram. Nenhuma delas, no entanto, foi tão “esperada” por dezenas de políticos como a mais recente, e a mais complicada para o governador, que viu a si próprio em uma sinuca de bico. Mesmo que a pasta pertença à cota do PR. Outras siglas procuram tirar proveito da situação. O PSD, por exemplo, tenciona levar a SEDUC. Por isso resiste à nomeação do ex-secretário para AGER, e mostra-se “alheio” com a escolha do presidente estadual do partido republicano para comandar a SECOPA.

Essa indicação abre espaço para o PT na Câmara Federal. Há quem diz que dificilmente o 1º. suplente deixará a vaga para o 2º - também petista, porém de facção distinta. Tese que alimenta a ambição peessedista, agora não mais escondida com a lengalenga de “entrega dos cargos”.

Jogada que beneficia o governador. Pois aperta as peias que prende as agremiações da base aliada. Ainda que deixe frouxas as rédeas dos profissionais da educação.

Tal jogada, contudo, exige cuidado. Explica-se, portanto, o tempo para pensar solicitado pelo governador. Tempo que poderia ser um complicador. Daí a nomeação do interino para a SECOPA. O interino, entretanto, não inibe as investidas das lideranças partidárias. Ingenuidade pensar de maneira diferente. Pois a ganância dos políticos aliados se apresenta insaciável. Isso, por outro lado, inflaciona o mercado político. Tanto que abre espaço para as negociações sobre alianças para as eleições de 2012.

Tudo, desse modo, pode ser negociado. Sobretudo as indicações. O que justifica, e muito, as reuniões intermináveis e as articulações. Estas e aquelas, juntas, fazem parte da mesma cartada – a qual quase nunca se prende as necessidades do momento histórico, uma vez que se devem as vontades do grupo confortavelmente instalado no poder de mando.

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br    



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