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Segunda - 10 de Agosto de 2015 às 23:45
Por: Alexandre Garcia

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Alexandre Garcia é jornalista em Brasília
Alexandre Garcia é jornalista em Brasília
Quando eu estava no ginásio, aprendi a tradução de uma locução latina, que dizia: “Errar é humano; perseverar no erro, diabólico.” Pensei na frase quando ouvi  força-tarefa da Lava-Jato contar porque José Dirceu, condenado cumprindo pena em casa, fora levado de novo para a prisão. Continuava a praticar as mesmas ilegalidades pelas quais fora condenado. E sem interrupção. Continuou recebendo propina e aplicou na Petrobrás o mesmo esquema do Mensalão, segundo os procuradores e delegados federais. Segundo Milton Pascowitch, Dirceu recebia por mês 96 mil, durante cerca de 10 anos, entre 2004 e 2013, totalizando 11,5 milhões de reais. Com outras propinas através de sua empresa de “consultoria”, chegava a 39 milhões, segundo o juiz Sérgio Moro. O escândalo do mensalão não abalou suas finanças. E continuava comandando tudo mesmo depois de condenado, tal como acontece entre traficantes de drogas. Os traficantes de dinheiro do povo operavam sem se importar com as leis e a Justiça. Agora se percebe como foram desproporcionais as penas de Dirceu e de Marcos Valério. O chefão pegou pouco mais de sete anos e foi para casa e o intermediário está atrás das grades com quase 40 anos de pena.

Dirceu já percebia a aproximação de novo mandado de prisão. Pediu habeas corpus, não recebeu e insistiu. Recentemente, pediu para ver os filhos em Vinhedo,SP, no Dia dos Pais. O juiz não concedeu, certamente temeroso de arcar com o desaparecimento de um condenado sob sua guarda, treinado em Cuba para guerrilha e temeroso de nova prisão. Deve ter pensado no que aconteceu com Salvatore Cacciola, que foi solto com habeas corpus do Supremo e escafedeu-se para a Itália. Dirceu certamente receberia asilo político em Cuba, pois sempre se manteve grato a Fidel Castro, que o recebeu depois de banido do país. Ele estava preso por ser da Ala Marighella do Partido Comunista. Ele e outros foram liberados por exigência dosseqüestradores do Embaixador Americano. Foi mandado para o México e de lá foi recebido em Cuba. No governo militar, não chegou a ficar um ano preso. No mensalão não chegou a um ano na prisão. Agora, pelo que sugere o Ministério Público, vai ter mais tempo atrás das grades.

Alguns políticos devem estar tremendo de medo. Percebem que as investigações não param. Ao contrário, se expandem. A CPI da Petrobrás na Câmara Federal virou um arremedo. Converteu-se em órgão de defesa do presidente da Casa, deputado Eduardo Cunha, desde que dois colaboradores premiados o apontam como receptor de 5 milhões de reais do Petrolão. Convocaram, para intimidar, a advogada que trabalhou em nove delações premiadas e contrataram, com nosso dinheiro, por 1milhão de reais, a Kroll para investigar os colaboradores premiados. A presidente, por sua vez, culpa a Lava-Jato e a China pela queda do PIB. Ela poderia facilmente saber quem derruba o PIB, o sistema elétrico, a Petrobrás, o setor alcooleiro e faz subir os juros e a inflação. Basta postar-se diante dos espelhos do Alvorada, onde mora.

Enfim, começa agosto fazendo jus à sua fama. Foi num agosto que Getúlio Vargas se matou, Jânio Quadros renunciou e Juscelino morreu em acidente na estrada. Este mês do desgosto não surpreende, porque janeiro já teve o desgosto de se descobrir que era mentiroso o marketing da reeleição. Agravou-se em fevereiro, com mais desgosto; e aí vieram março, abril, maio, junho e julho, cada um com seu desgosto. Deputados e senadores voltam a trabalhar nesta semana, com a promessa de receber do governo 1 bilhão de reais para suas emendas e preenchimento de 200 cargos de terceiro escalão de suas indicações. Abundância de generosidade na mesma época de mais cortes na Educação e na Saúde. É só desgosto.

Alexandre Garcia é Jornalista em Brasília


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