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Domingo - 29 de Janeiro de 2012 às 14:57
Por: Lourembergue Alves

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Tem-se a impressão que o momento atual é o da não existência de estadista. Figura presente, talvez, em outros tempos. Porém tão em falta agora, em uma situação de crise. Isso não apenas em um dado país. Mas em todos eles. Independentemente do pertencer ou não ao “terceiro mundista” – expressão bastante utilizada nos anos de 1960. Nota-se tal ausência, inclusive, no grupo de grandes nações e nos integrantes dos emergentes; assim como também em Estado pertencente ao chamado “velho mundo”, a exemplo de Portugal, cujo presidente da República foi muitíssimo infeliz em suas últimas declarações, sobretudo as que dizem respeito ao seu rendimento, o qual “não chega para pagar as” suas “despesas”.

Percebe-se nessas suas palavras: omissão, desdém e falta de seriedade. Três características que colocam em xeque a vasta experiência política que possui. Pois, antes de ser presidente, ele tinha sido inclusive, parlamentar e primeiro-ministro, além é claro de sempre contar com o apoio da população. Tanto que jamais tinha sofrido vaia alguma. Surpreendem, portanto, as que vêm recebendo a partir de suas declarações infelizes, e inauguradas em sua entrada e participação na cerimônia que oficializou a cidade de Guimarães como a capital européia da cultura. Vaias que se somam a outros tipos de manifestações populares. Isso tem levado os analistas políticos a acreditarem que o Senhor Cavaco Silva não irá suportar tamanha pressão, que se junta a da oposição no Parlamento. Afinal, falta-lhe habilidade bastante para lidar com as adversidades. Inabilidade própria de quem não tem o perfil de estadista, e para esconder tal inabilidade começa a atacar a mídia – estratégia muito utilizada pelos líderes político mundo afora. Só faltou a ele repetir as artimanhas de um ex-presidente do Brasil, que igualmente está distante de ser estadista.

Até porque o ser estadista não é formado pelas ondas do “nada saber”, “nada ver”, como de quem “bate” ou “apronta”, mas rapidamente esconde a mão, e ainda acusa de sensacionalista quem cobra investigação a respeito.

Diferentemente, portanto, da figura do estadista. Esta se forma também pelo redemoinho de todas as suas ações. Ações que, na maioria das vezes, não estão unicamente a serviço dos amigos e dos parceiros diretos, mas de toda a comunidade que está a representar.

Representação que, segundo os oposicionistas, o político-presidente não mais possui ou, há muito, já perdeu tal condição. Argumento que sustenta a petição on-line que cobra a renúncia do cargo do senhor Aníbal Cavaco Silva. Tal petição, de acordo com o jornal luso “Expresso”, reúne mais de vinte mil assinaturas. Além disso, os internautas organizaram mobilizações em frente à sede da Presidência, com os bolsos cheios de moedas para doarem ao presidente; enquanto multiplicam-se as críticas às declarações infelizes de Cavaco Silva, bem como as imagens satíricas “representando” as dificuldades financeiras que o casal presidencial está a passar.

Por toda a cidade de Lisboa, existem sinais de descontentamento popular. O presidente, porém, uma vez mais se recusa a receber populares. Limitou-se a publicar uma nota que não traz explicação nenhuma, tampouco serve como pedido de desculpas (característica do não estadista). Essa estratégia do não diálogo, também própria do não estadista, revela o quanto os portugueses estavam enganados a respeito do político que hoje ocupa o cargo de presidente. Infelizmente!

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista político, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br  



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