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Domingo - 06 de Novembro de 2011 às 21:35
Por: Lourembergue Alves

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Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta

“A Secretaria de Educação de Mato Grosso tem um novo chefe”. Notícia normal, sem qualquer significado político. Caso fosse outro o cenário vivido. Este de desenho que nada tem a ver com o “ser eminentemente político”. Até porque o atual governo estadual está bastante longe disso. O certo, entretanto, é que o chefe do Executivo regional virou refém de sua própria base aliada. Resulta-se daí uma situação comprometedora. A ponto de uma dada “ala” partidária se sentir a “dona” da pasta, que em forma de cota foi entregue ao partido aliado, e, por conta disso, fazer a substituição que lhe vier na telha ou, melhor, para acomodar quem se encontrava há quatro meses desempregado.

“Acomodação natural, frequente”, diria alguém. Seria – assim como se tem visto ao longo da história recente do Estado e do país. Se não fosse pela fotografia rasgada ao meio, que se encontra ao centro da mesa. Isso tem enfraquecido o próprio partido. Pois este passou a ser conduzido – bem mais que nos primeiros anos, com os históricos à frente – pelos caprichos de quem tem o leme petista nas mãos, e faz de uma forma tal para diminuir o poder de barganha do seu grupo opositor dentro do PT/MT. Tanto que este grupo, o da oposição, sequer, foi chamado para opinar pela substituição da chefia da SEDUC. Não participou e, igualmente, não sente “dentro do governo”. Afinal, o governador, no dizer de uma de suas expressões, “atende apenas uma parte da agremiação petista”.

Quadro revelador. Revela não só o racha existente, com as duas “alas petistas” em queda de braços permanente. Impulsionadas pelas feridas não sicratizadas, as quais dificilmente se fecharão por conta das ambições pessoais, que se chocam e estão continuadamente em jogo. E, agora, mais acirradas pela referida nomeação-substituição do governador que, para os olhos dos menos avisados, parece agir dentro de um propósito: “ter o controle do PT/MT”, uma vez que tem “domado” o SINTEP, via SEDUC-PT. Mas é o governador que, de fato, está nas mãos das principais lideranças da base aliada.

A troca, na SEDUC, não deixa dúvida alguma nesse sentido. Foi substituída a secretária por um ex-secretário. Substituição que não se deu em razão de ineficiência, incompetência da titular - embora se pudesse levantar esta hipótese sem qualquer receio de erro.  Mas por interesse da “ala” dominante do partido que tem a pasta como feudo, ou cota – dá no mesmo. Isso soa mal aos ouvidos. Pessimamente, inclusive, para o eleitor que elegeu-reelegeu o peemedebista. Até porque não só parece, como demonstra realmente falta de pulso, sem ser autoritário, na condução dos negócios públicos.

Falta que desdobra em inabilidade política e inaptidão para o diálogo. Três características imprescindíveis para um governante. Infelizmente, ausentes da lista de virtudes do peemedebista-governador. É exatamente isso que impede a atual administração pública estadual de ser essencialmente política. A despeito de quem advoga tese contrária. Talvez, o faça na tentativa de “cavar” alguma “boquinha” ou com intuito de se ver oficializado na condição de “clientelista”.

Diferentemente, portanto, do papel desta coluna. Elogiar e criticar, aqui, são verbos que dividem o mesmo espaço com um terceiro, o indicar. Todos norteados por outro, o contribuir. Independentemente da bandeira partidária ou das figuras políticas em evidências. Pois em política, vale mais o poder de negociar. Daí a necessidade do governo em contar com um articulador político. Principalmente para tirá-lo da vexatória condição de refém. A substituição na SEDUC é uma fotografia bastante reveladora. Vale à pena refletir sobre ela.

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.    



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