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GOIÂNIA, GOIÂNIA!
Goiânia brotou no coração do Brasil com seu destino traçado e sob o signo da grandeza. Nasceu como nascem todas as grandes realizações do homem, fruto de obstinação, coragem e luta. Surgiu com as contradições e as convergências inerentes a um projeto revolucionário de cidade, por obra e graça da decisão de um visionário, Pedro Ludovico, ironicamente oligarca e progressista, médico de profissão, líder carismático e goiano apaixonado por sua terra.
Por corajosa decisão de Pedro, absolutamente sintonizado com o moderno Brasil que emergia do ocaso da “Velha República”, Goiás não ganhava apenas outra capital: Goiânia foi um sopro de renovação, sacudindo as velhas estruturas de um Estado que depois de sua novíssima capital jamais seria o mesmo.
Do lançamento da pedra fundamental, em outubro de 1933, e de sua designação como capital dos goianos, em abril de 1937, até a autêntica metrópole, sediando um dos melhores Estados do Brasil, Goiânia adquiriu forte personalidade, enfrentou os mais duros problemas urbanos, viveu seus dramas, gerou riqueza econômica e cultural, opulentou o patrimônio de conquistas e glórias do nosso povo, nos encheu de orgulho, recarrega suas forças e renova esperanças a cada dia que nasce.
A cidade que nasceu da decisão de um visionário, um Pedro que era pedra e descortino, pulsa e vive.
Goiânia foi o palco da autêntica metamorfose de um Goyaz arcaico e primitivo que se projetou para o Brasil e o mundo como o Goiás do desenvolvimento, do progresso, do amanhã. A cidade que não deixa de crescer a cada dia, a cada hora, a cada minuto, foi a moldura dourada de reformas profundas em sua sociedade, quando Mauro Borges sacramentou a obra do velho patriarca dotando o Estado de uma infra-estrutura invejável e moderníssima, enfrentando as próprias forças que o levaram ao poder.
Pouco tempo depois, Goiânia assistiu o seu céu claro, de um azul infindo e de crepúsculos de uma beleza inigualável, ser violentada – comovida e com seu bravo povo nas ruas – pelos vôos rasantes dos jatos que ameaçavam reduzir o Palácio das Esmeraldas a um amontoado de destroços e cinzas. Foi a primeira demonstração da força bruta de uma ditadura recém-nascida. Marcou nossa história e nos traumatizou, mas jamais há de se repetir nem em Goiânia nem em qualquer outra cidade de um Brasil que consolidou sua democracia.
Recordo-me que, na virada da década de 60, quando a noite era mais noite e a ditadura mostrava suas garras, cheguei à Goiânia. Nascia um amor que viverá em meu coração até o último dos meus dias. É que qualquer goiano, nascido em Buriti Alegre ou Formosa, Crixás ou Itumbiara, Rio Verde ou Catalão, tem sempre Goiânia como um referencial de afeto e respeito, de progresso e de liberdade.
Goiânia, minha Goiânia tão querida, não é só dos que nela nasceram ou vivem. Goiânia é terra de quem dela goste, de quem a ama e a quer bem. E Goiânia retribui, acolhe e cuida dos que a adotam. A capital dos goianos tem o mistério tão próprio das cidades escolhidas, das que se tornam esquinas do mundo, das que fazem diferença na vida das pessoas.
Não há nada de reacionário ou de atrasado, não há complacência com o que não prospera, não há espaço para a mediocridade e a pequenez: Goiânia exige de todos, sem exceção, um compromisso claro com o desenvolvimento, a liberdade, o arrojo e a audácia. Em Goiânia quem pensa pequeno ou faz menos do que deve e pode, fica para trás, não é recompensado pela energia que brota de sua história belíssima, de sua formação civilizatória, da gente formidável que nela vive e forja seu futuro com talento e garra.
Que cidade tão especial é a nossa, e o foi desde sempre, que encantou o monumental Pablo Neruda, Prêmio Nobel de Literatura?
O poeta do Chile nos visitou ao lado de seu amigo Jorge Amado, participou de um encontro de escritores, elogiou a terra, gostou da culinária regional, ficou mais dias do que o programado e levou para o outro lado da Cordilheira dos Andes um Sofrê, pássaro nativo das matas goianas. A ave morreu, não resistindo ao frio de Isla Negra, a casa de Neruda – nos conta o jornalista e escritor Hélio Rocha em seu magnífico livro “Goiânia 75”. Da tristeza do poeta nasceu uma de suas mais belas Odes.
Margot Fonteyn, a inigualável dama do balé, voou pelo palco do Teatro Goiânia, dançando com a leveza e a graça que se tornaram mais notáveis tendo por cenário a civilizada e culta capital dos goianos. Claude Lévi-Strauss, o celebrado antropólogo francês, achou Goiânia “uma planície sem fim” e “triste”. Isso foi em 1937.
Uma década depois ele já teria outra impressão: uma cidade alegre, viva, cativante, hospitaleira, calorosa. O Marechal Tito, herói da Segunda Guerra e líder dos iugoslavos, visitou-nos.
O Rio de Janeiro de Carlos Lacerda e as Minas Gerais de Magalhães Pinto, que já tramavam o golpe de 64, se recusaram a recebê-lo. Pois foi Goiânia, a pedido do Presidente João Goulart, que abriu os braços e recebeu com respeito e admiração o grande Estadista. Tito retribuiu o carinho e vaticinou o futuro: “Goiânia será das melhores cidades do mundo”. Não estava errado. Nesse episódio, particularmente, vislumbro um traço marcante da capital de Goiás: é democrática, tem compromisso com as liberdades, não tolera o autoritarismo. Outros visitantes ilustres a admiraram e a louvaram para o mundo: o cientista Albert Sabin, os escritores John dos.
Passos e Georges-Henri Clouzot, o cantor Charles Aznavour, a atriz Janet Leigh, o Papa João Paulo II, o sociólogo Gilberto Freyre e tantos outros.
Goiânia está para todo goiano como Meca para os mulçumanos ou a Santa Sé para os católicos. É uma devoção sincera e absoluta. Nós amamos a capital de nossa terra, a queremos bem, a admiramos, e contemplamos o seu ontem de grandeza, o seu presente de sucesso e o seu amanhã de plena realização como metrópole que surge e recebe a admiração do Brasil e do mundo.
A melhor maneira de dar os parabéns a Goiânia por mais um aniversário, o 78º, é reafirmar nosso compromisso com sua história e seu futuro.
Por corajosa decisão de Pedro, absolutamente sintonizado com o moderno Brasil que emergia do ocaso da “Velha República”, Goiás não ganhava apenas outra capital: Goiânia foi um sopro de renovação, sacudindo as velhas estruturas de um Estado que depois de sua novíssima capital jamais seria o mesmo.
Do lançamento da pedra fundamental, em outubro de 1933, e de sua designação como capital dos goianos, em abril de 1937, até a autêntica metrópole, sediando um dos melhores Estados do Brasil, Goiânia adquiriu forte personalidade, enfrentou os mais duros problemas urbanos, viveu seus dramas, gerou riqueza econômica e cultural, opulentou o patrimônio de conquistas e glórias do nosso povo, nos encheu de orgulho, recarrega suas forças e renova esperanças a cada dia que nasce.
A cidade que nasceu da decisão de um visionário, um Pedro que era pedra e descortino, pulsa e vive.
Goiânia foi o palco da autêntica metamorfose de um Goyaz arcaico e primitivo que se projetou para o Brasil e o mundo como o Goiás do desenvolvimento, do progresso, do amanhã. A cidade que não deixa de crescer a cada dia, a cada hora, a cada minuto, foi a moldura dourada de reformas profundas em sua sociedade, quando Mauro Borges sacramentou a obra do velho patriarca dotando o Estado de uma infra-estrutura invejável e moderníssima, enfrentando as próprias forças que o levaram ao poder.
Pouco tempo depois, Goiânia assistiu o seu céu claro, de um azul infindo e de crepúsculos de uma beleza inigualável, ser violentada – comovida e com seu bravo povo nas ruas – pelos vôos rasantes dos jatos que ameaçavam reduzir o Palácio das Esmeraldas a um amontoado de destroços e cinzas. Foi a primeira demonstração da força bruta de uma ditadura recém-nascida. Marcou nossa história e nos traumatizou, mas jamais há de se repetir nem em Goiânia nem em qualquer outra cidade de um Brasil que consolidou sua democracia.
Recordo-me que, na virada da década de 60, quando a noite era mais noite e a ditadura mostrava suas garras, cheguei à Goiânia. Nascia um amor que viverá em meu coração até o último dos meus dias. É que qualquer goiano, nascido em Buriti Alegre ou Formosa, Crixás ou Itumbiara, Rio Verde ou Catalão, tem sempre Goiânia como um referencial de afeto e respeito, de progresso e de liberdade.
Goiânia, minha Goiânia tão querida, não é só dos que nela nasceram ou vivem. Goiânia é terra de quem dela goste, de quem a ama e a quer bem. E Goiânia retribui, acolhe e cuida dos que a adotam. A capital dos goianos tem o mistério tão próprio das cidades escolhidas, das que se tornam esquinas do mundo, das que fazem diferença na vida das pessoas.
Não há nada de reacionário ou de atrasado, não há complacência com o que não prospera, não há espaço para a mediocridade e a pequenez: Goiânia exige de todos, sem exceção, um compromisso claro com o desenvolvimento, a liberdade, o arrojo e a audácia. Em Goiânia quem pensa pequeno ou faz menos do que deve e pode, fica para trás, não é recompensado pela energia que brota de sua história belíssima, de sua formação civilizatória, da gente formidável que nela vive e forja seu futuro com talento e garra.
Que cidade tão especial é a nossa, e o foi desde sempre, que encantou o monumental Pablo Neruda, Prêmio Nobel de Literatura?
O poeta do Chile nos visitou ao lado de seu amigo Jorge Amado, participou de um encontro de escritores, elogiou a terra, gostou da culinária regional, ficou mais dias do que o programado e levou para o outro lado da Cordilheira dos Andes um Sofrê, pássaro nativo das matas goianas. A ave morreu, não resistindo ao frio de Isla Negra, a casa de Neruda – nos conta o jornalista e escritor Hélio Rocha em seu magnífico livro “Goiânia 75”. Da tristeza do poeta nasceu uma de suas mais belas Odes.
Margot Fonteyn, a inigualável dama do balé, voou pelo palco do Teatro Goiânia, dançando com a leveza e a graça que se tornaram mais notáveis tendo por cenário a civilizada e culta capital dos goianos. Claude Lévi-Strauss, o celebrado antropólogo francês, achou Goiânia “uma planície sem fim” e “triste”. Isso foi em 1937.
Uma década depois ele já teria outra impressão: uma cidade alegre, viva, cativante, hospitaleira, calorosa. O Marechal Tito, herói da Segunda Guerra e líder dos iugoslavos, visitou-nos.
O Rio de Janeiro de Carlos Lacerda e as Minas Gerais de Magalhães Pinto, que já tramavam o golpe de 64, se recusaram a recebê-lo. Pois foi Goiânia, a pedido do Presidente João Goulart, que abriu os braços e recebeu com respeito e admiração o grande Estadista. Tito retribuiu o carinho e vaticinou o futuro: “Goiânia será das melhores cidades do mundo”. Não estava errado. Nesse episódio, particularmente, vislumbro um traço marcante da capital de Goiás: é democrática, tem compromisso com as liberdades, não tolera o autoritarismo. Outros visitantes ilustres a admiraram e a louvaram para o mundo: o cientista Albert Sabin, os escritores John dos.
Passos e Georges-Henri Clouzot, o cantor Charles Aznavour, a atriz Janet Leigh, o Papa João Paulo II, o sociólogo Gilberto Freyre e tantos outros.
Goiânia está para todo goiano como Meca para os mulçumanos ou a Santa Sé para os católicos. É uma devoção sincera e absoluta. Nós amamos a capital de nossa terra, a queremos bem, a admiramos, e contemplamos o seu ontem de grandeza, o seu presente de sucesso e o seu amanhã de plena realização como metrópole que surge e recebe a admiração do Brasil e do mundo.
A melhor maneira de dar os parabéns a Goiânia por mais um aniversário, o 78º, é reafirmar nosso compromisso com sua história e seu futuro.
(*) Delúbio Soares é professor
URL Fonte: https://toquedealerta.com.br/artigo/497/visualizar/