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Quinta - 22 de Setembro de 2011 às 22:03
Por: Ronei de Lima

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Ronei de Lima é presidente da Federação dos Trabalhadores na Indústria de Mato Grosso (FETIEMT)
Ronei de Lima é presidente da Federação dos Trabalhadores na Indústria de Mato Grosso (FETIEMT)
O debate em torno da política industrial se acalorou nos últimos meses, com o lançamento do Plano Brasil Maior, do Governo Federal, para o setor. A negação das centrais sindicais em participar do lançamento do plano sem terem sido chamadas para compor a equipe que o elaborou, é reflexo da preocupação com os impactos destas novas resoluções governamentais sobre as relações trabalhistas daqui para a frente.

Ainda que cresça a olhos vistos, pela experiência diária, vemos a adesão das empresas as medidas de proteção ao direito do trabalhador é baixa. Nossa moderna indústria brasileira ainda é muito atrasada quando se trata de obediência à legislação trabalhista.

Diante disso, a necessidade de que a questão trabalhista seja pauta prioritária em qualquer discussão sobre a indústria brasileira, o que não foi o caso do Plano governamental. Um dos itens do plano, por exemplo, é a redução do percentual de tributo cobrado na folha de salário das empresas para financiar a Previdência. Qual seria o objetivo de tal medida, já que o futuro aponta para uma necessidade de crescimento nos investimentos neste setor?

Além do direito trabalhista, as entidades sindicais defendem também o fortalecimento da indústria brasileira e do mercado local. Uma das medidas acertadas do Plano, por exemplo, foi dar prioridade a empresas nacionais nas compras do Governo.

Porém, as medidas precisam ser mais ousadas. E é isso que as entidades sindicais defendem. Uma política industrial cuja lógica seja a valorização do trabalhador e do mercado interno, e não focada simplesmente no interesse de grandes corporações, commodities e taxas de juros altas. Será que isso é um sonho distante?

Valorização da ciência e tecnologia, desenvolvimento das cadeias produtivas e investimentos na indústria brasileira são estratégias que apontam no sentido de nacionalizar o parque produtivo. Isso significará não somente mais empregos, mas mais dignidade. Também falta investir na formação do trabalhador da indústria.

Hoje vivemos um cenário preocupante para o movimento sindical, onde as ações antissindicais por parte das empresas só aumenta e onde não contamos com apoio no Congresso Nacional, onde somos minoria e onde matérias como a redução da jornada de trabalho, por exemplo, aguardam pela aprovação há muitos anos.

Qualquer plano que busque o crescimento da indústria nacional não estará completo sem privilegiar a segurança, saúde e as boas condições de trabalho de quem pega no pesado. Indústria é feita de gente, não de números.
*Ronei de Lima é presidente da Federação dos Trabalhadores na Indústria de Mato Grosso (FETIEMT) e vice-presidente da Nova Central Sindical de Trabalhadores de Mato Grosso (NCST).


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