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Sexta - 02 de Setembro de 2011 às 13:25
Por: Alexandre Garcia

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Alexandre Garcia é jornalista em Brasília
Alexandre Garcia é jornalista em Brasília

A última avaliação do desempenho dos alunos até o fim do 3º ano, com 6 mil alunos de até 8 anos, mostrou a triste realidade da educação brasileira: 44% não conseguem ler e 57% não sabem somar ou diminuir. A prova foi feita em todas as regiões, em 250 escolas, públicas e privadas. O resultado das escolas particulares, bem acima das públicas, ainda ajudou a aumentar a média. Isso é uma tragédia. E explica por que na raiz dos nossos principais problemas está a incapacidade de administrar. O defeito começa no fundamental e continua até nos cursos superiores, com a mediocridade se alastrando.

Não é preciso saber ler ou fazer uma simples soma para passar de ano, segundo gestores da educação. Gestores que adoram termos esquisitos, de um dialeto pseudo-intelectual. Para compensar a incapacidade, são extremamente vaidosos. (Quem sabe é humilde) Esses pernósticos da burrice adoram dizer "educação voltada para a juventude", quando poderiam dizer "educação para a juventude". Para eles, deve parecer chique e intelectual. Por isso, em vez de dizer "está na internet" preferem dizer "está disponível na internet". Usam palavras tão inúteis quanto eles, que apenas estão enganando as crianças e a juventude, que nada aprendem e depois não sabem por que estão desempregados, havendo vagas.

Nem tudo está perdido. À parte dessa gente fraquinha que não sabe ensinar porque não aprendeu, há boas escolas, inclusive públicas, que estão resgatando crianças da pobreza de espírito. Em vez de ficar inventando danças primitivas para supostamente tirar os jovens das ruas, vão direto ao ponto: as ensinam a descobrir o livro. São alunos que aproveitam o recreio para mergulhar nos livros. E o levam, como um bom companheiro, para casa, para se divertir mais. Tornam-se co-autores, cúmplices do autor, imaginando rostos, personagens, cenários, antecipando tramas, criando alternativas. Lendo, aprendem a falar. Falam construindo as frases com racionalidade, lógica, com começo, meio e fim, e com uma argumentação. Saem-se melhor que muito professor gerundista que ouço. Aprendem a pensar, a raciocinar. A criar. Exercitam os neurônios para o futuro. Esses têm futuro. São esses que dão um sentido para o bordão de 70 anos "Brasil, País do Futuro". Os outros, que não lêem e não somam, são vítimas de crime de lesa-futuro.

Alexandre Garcia é jornalista em Brasília
 



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