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Centro-Oeste, Mato Grosso (4)
A ocupação da região Centro-Oeste teve os desdobramentos da interiorização para acessar a Amazônia, o redescobrimento de Mato Grosso e a sua divisão em 1977, com a separação política em 1979. Aqui cabe uma reflexão: embora as lutas divisionistas do Sul em relação ao Norte datassem do tempo da guerra com o Paraguai (1864-1870), a divisão só veio ocorrer no governo militar do presidente Ernesto Geisel, como um movimento estratégico da ocupação da Amazônia e do Centro-Oeste.
O início da ocupação humana e econômica se deu com a criação de muitos programas federais de apoio e incentivo como o crédito fundiário e financiamentos subsidiados. No Vale do Araguaia chegaram a partir de 1971 gaúchos da região Oeste do Estado trazidos através da cooperativa Coopercana, liderada por Norberto Schwantes. Começaram agricultura de escala, que faliu por falta de conhecimentos tecnológicos para o solo de cerrado. Na região do Médio Norte surgiu o projeto de colonização de Sinop, liderado pelo colonizador paranaense Enio Pipino, e mais ao Norte, Alta Floresta, pelo colonizador também no Paraná, Ariosto da Riva. Outros projetos similares surgiram nessas regiões e mais a Noroeste, como Juína, que foi colonização do governo de Mato Grosso, liderada pela Codemat e atraiu muitos colonos pobres de todas as regiões do país e também egressos da inundação de Itaipu.
A agricultura e a pecuária passaram por sucessivas fases de sofrimento, de erros e de acertos, antes de chegarem ao nível atual de desenvolvimento tecnológico e empresarial. Mereceria alguns artigos à parte. Mas em 1994 quando o agronegócio se firmou, a produção de grãos alcançou 2,5 mil toneladas, contra as atuais 30 milhões. A pecuária saiu do Pantanal onde sempre floresceu para as pastagens formadas nas terras altas do cerrado.
Os governadores do período viveram experiências muito conflitantes. Garcia Neto, sofreu a divisão e teve sua bem sucedida carreira política prejudicada por posições de estadista, que mais tarde revelariam o seu acerto. Frederico Campos enfrentou a divisão a partir de 1979, seguido de Júlio Campos que deu um grande impulso ao novo Estado remanescente da divisão. Vieram Carlos Bezerra e Jaime Campos, já numa fase crítica das finanças, em consequência dos compromissos financeiros federais não cumpridos em apoio à fase inicial do novo Mato Grosso. Seguiu Dante de Oliveira que enfrentou uma situação quase ingovernável que o obrigou a medidas de enorme austeridade fiscal. Dante reelegeu-se. Em seguida veio Blairo Maggi, também reeleito, com uma visão empresarial, dentro de um novo desenho de governo deixado pelas medidas de Dante, e por fim, Silval Barbosa, vice de Blairo, eleito em 2010.
Imagino encerrar esta série de artigos amanhã, mas gostaria de assinalar que nesta trajetória de exatos 40 anos desde o início da nova ocupação de Mato Grosso, dentro de tudo que foi dito, na verdade, passou-se toda uma história com muito mais do que essa contagem temporal. A população misturou-se e miscigenou, gerando perfis humanos extraordinários. Cuiabá, com seus 100 mil habitantes saltou para 600. Tudo mudou no Estado. Lidar de frente com o futuro novo é o maior desafio de Mato Grosso num mundo globalizado onde comida será arma estratégica. Justamente aí está a sua força e os seus desafios. Continua amanhã.
Onofre Ribeiro é jornalista e secretário adjunto de Comunicação Social de Mato Grosso
O início da ocupação humana e econômica se deu com a criação de muitos programas federais de apoio e incentivo como o crédito fundiário e financiamentos subsidiados. No Vale do Araguaia chegaram a partir de 1971 gaúchos da região Oeste do Estado trazidos através da cooperativa Coopercana, liderada por Norberto Schwantes. Começaram agricultura de escala, que faliu por falta de conhecimentos tecnológicos para o solo de cerrado. Na região do Médio Norte surgiu o projeto de colonização de Sinop, liderado pelo colonizador paranaense Enio Pipino, e mais ao Norte, Alta Floresta, pelo colonizador também no Paraná, Ariosto da Riva. Outros projetos similares surgiram nessas regiões e mais a Noroeste, como Juína, que foi colonização do governo de Mato Grosso, liderada pela Codemat e atraiu muitos colonos pobres de todas as regiões do país e também egressos da inundação de Itaipu.
A agricultura e a pecuária passaram por sucessivas fases de sofrimento, de erros e de acertos, antes de chegarem ao nível atual de desenvolvimento tecnológico e empresarial. Mereceria alguns artigos à parte. Mas em 1994 quando o agronegócio se firmou, a produção de grãos alcançou 2,5 mil toneladas, contra as atuais 30 milhões. A pecuária saiu do Pantanal onde sempre floresceu para as pastagens formadas nas terras altas do cerrado.
Os governadores do período viveram experiências muito conflitantes. Garcia Neto, sofreu a divisão e teve sua bem sucedida carreira política prejudicada por posições de estadista, que mais tarde revelariam o seu acerto. Frederico Campos enfrentou a divisão a partir de 1979, seguido de Júlio Campos que deu um grande impulso ao novo Estado remanescente da divisão. Vieram Carlos Bezerra e Jaime Campos, já numa fase crítica das finanças, em consequência dos compromissos financeiros federais não cumpridos em apoio à fase inicial do novo Mato Grosso. Seguiu Dante de Oliveira que enfrentou uma situação quase ingovernável que o obrigou a medidas de enorme austeridade fiscal. Dante reelegeu-se. Em seguida veio Blairo Maggi, também reeleito, com uma visão empresarial, dentro de um novo desenho de governo deixado pelas medidas de Dante, e por fim, Silval Barbosa, vice de Blairo, eleito em 2010.
Imagino encerrar esta série de artigos amanhã, mas gostaria de assinalar que nesta trajetória de exatos 40 anos desde o início da nova ocupação de Mato Grosso, dentro de tudo que foi dito, na verdade, passou-se toda uma história com muito mais do que essa contagem temporal. A população misturou-se e miscigenou, gerando perfis humanos extraordinários. Cuiabá, com seus 100 mil habitantes saltou para 600. Tudo mudou no Estado. Lidar de frente com o futuro novo é o maior desafio de Mato Grosso num mundo globalizado onde comida será arma estratégica. Justamente aí está a sua força e os seus desafios. Continua amanhã.
Onofre Ribeiro é jornalista e secretário adjunto de Comunicação Social de Mato Grosso
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