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Os nós do jogo político-eleitoral
Caiu o segundo ministro. Isso em um espaço de trinta dias. Palocci e Nascimento foram nocauteados por um direto da corrupção. Nocautes que atingiram também o governo, que tem tudo a ver com o anterior. Herança que carece ser revista, modificada. O momento, agora, é o ideal. Pelo menos para evitar-se que se entregue um ministério de ‘porteira fechada’.
Desfazer os nós do jogo político-eleitoral não é tarefa fácil. Pois todos eles, os ditos nós, são realizados em razão da chamada governabilidade, com o loteamento dos cargos da administração pública entre os partidos aliados. É neste contexto que deve ser visto igualmente o Partido da República - sigla gerada pela fusão do Prona com o PL - que se associa aos partidos nanicos com presenças na Câmara Federal, totalizando assim mais de 60 cadeiras (42 republicanas) e se somam as 7 do Senado. Total bastante útil aos interesses do governo no Congresso Nacional.
Relação movida pela força clientelística. Um dos esteios do presidencialismo tupiniquim. Tão forte que mesmo diante da onda de denúncias, o PR insiste em permanecer à frente do Ministério dos Transportes. Negociação que tende a ser feita pelo próprio ministro-demissionário, pois é ele o presidente da agremiação que se vê prisioneira pelo redemoinho de cobrança de propinas, cujo sorvedouro, conforme o noticiário, ganha corpo no Dnit - órgão chefiado por um apadrinhado do ex-governador mato-grossense.
Situação que precisa ser investigada. Ainda que tal investigação venha paralisar obras em andamento no Estado de Mato Grosso. O verbo paralisar, neste contexto, obviamente, preocupa a todos. Menos, talvez, aos políticos, cuja gritaria soa tão somente como reivindicação pela manutenção do republicano-afastado ou de férias no cargo de diretor-presidente.
Toada fora do tom constitucional. E nessa partitura destoante, uma nota que parece vibrante, pois vem do Palácio do Planalto e ecoa nos corredores do Congresso. Isso obriga a cúpula do PR a agir rapidamente. Discute o nome para chefiar o ministério. Fala-se no deputado Luciano Castro, que se distancia de outros três, mas se sente pressionado por pretendentes da Câmara Alta, entre os quais Blairo Maggi. Este, no entanto, se sente um tanto acanhado, afinal foi o fiador de um dos denunciados por uma revista semanal. A ascensão de Maggi ao dito posto poderia ser traumática, nem a oposição irá ‘deixar barato’.
Nenhum desses, no entanto, cai no gosto da presidente. Dilma Rousseff prefere efetivar Paulo Sérgio Passos - republicano, sem convicção alguma, nem ligado a cúpula partidária. Mas se mostra um técnico cuidadoso. Perfil, no entender do Palácio do Planalto, necessário para uma pasta até aqui dominada por apadrinhados dos manda-chuvas da política - ora peemedebistas, ora republicanas.
Contudo, seria oportuno, a presidente aproveitar o momento para mudar a ‘feição‘ do seu governo. Mais dela. De início, optando por outro nome para o Ministério dos Transportes, longe das fileiras republicanas. Na tentativa de se desfazer os ditos nós deixados pelo antecessor. Descontente, o PR jamais se dará bem na trincheira oposicionista. Pois teme o anonimato, que a falta do espaço governamental lhe provocará. Uma questão, aqui, se faz necessária: Mas será que o Partido da República tem o ideal republicano?
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: lou.alves@uol.com.br
Desfazer os nós do jogo político-eleitoral não é tarefa fácil. Pois todos eles, os ditos nós, são realizados em razão da chamada governabilidade, com o loteamento dos cargos da administração pública entre os partidos aliados. É neste contexto que deve ser visto igualmente o Partido da República - sigla gerada pela fusão do Prona com o PL - que se associa aos partidos nanicos com presenças na Câmara Federal, totalizando assim mais de 60 cadeiras (42 republicanas) e se somam as 7 do Senado. Total bastante útil aos interesses do governo no Congresso Nacional.
Relação movida pela força clientelística. Um dos esteios do presidencialismo tupiniquim. Tão forte que mesmo diante da onda de denúncias, o PR insiste em permanecer à frente do Ministério dos Transportes. Negociação que tende a ser feita pelo próprio ministro-demissionário, pois é ele o presidente da agremiação que se vê prisioneira pelo redemoinho de cobrança de propinas, cujo sorvedouro, conforme o noticiário, ganha corpo no Dnit - órgão chefiado por um apadrinhado do ex-governador mato-grossense.
Situação que precisa ser investigada. Ainda que tal investigação venha paralisar obras em andamento no Estado de Mato Grosso. O verbo paralisar, neste contexto, obviamente, preocupa a todos. Menos, talvez, aos políticos, cuja gritaria soa tão somente como reivindicação pela manutenção do republicano-afastado ou de férias no cargo de diretor-presidente.
Toada fora do tom constitucional. E nessa partitura destoante, uma nota que parece vibrante, pois vem do Palácio do Planalto e ecoa nos corredores do Congresso. Isso obriga a cúpula do PR a agir rapidamente. Discute o nome para chefiar o ministério. Fala-se no deputado Luciano Castro, que se distancia de outros três, mas se sente pressionado por pretendentes da Câmara Alta, entre os quais Blairo Maggi. Este, no entanto, se sente um tanto acanhado, afinal foi o fiador de um dos denunciados por uma revista semanal. A ascensão de Maggi ao dito posto poderia ser traumática, nem a oposição irá ‘deixar barato’.
Nenhum desses, no entanto, cai no gosto da presidente. Dilma Rousseff prefere efetivar Paulo Sérgio Passos - republicano, sem convicção alguma, nem ligado a cúpula partidária. Mas se mostra um técnico cuidadoso. Perfil, no entender do Palácio do Planalto, necessário para uma pasta até aqui dominada por apadrinhados dos manda-chuvas da política - ora peemedebistas, ora republicanas.
Contudo, seria oportuno, a presidente aproveitar o momento para mudar a ‘feição‘ do seu governo. Mais dela. De início, optando por outro nome para o Ministério dos Transportes, longe das fileiras republicanas. Na tentativa de se desfazer os ditos nós deixados pelo antecessor. Descontente, o PR jamais se dará bem na trincheira oposicionista. Pois teme o anonimato, que a falta do espaço governamental lhe provocará. Uma questão, aqui, se faz necessária: Mas será que o Partido da República tem o ideal republicano?
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: lou.alves@uol.com.br
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