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Terça - 12 de Abril de 2011 às 14:29
Por: Alexandre Garcia

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Alexandre Garcia é jornalista em Brasília e escreve às terças-feiras em A Gazeta
Alexandre Garcia é jornalista em Brasília e escreve às terças-feiras em A Gazeta

Logo que aconteceu o massacre na escola do Rio de Janeiro, o presidente do Senado e ex-presidente da República, José Sarney, e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, se apressaram a dar uma solução tão fácil quanto inócua e sem sentido: "É preciso proibir armas de fogo!". Fiquei atônito. Bandidos e loucos não estão proibidos de comprar e usar armas de fogo? Acaso o matador de crianças foi a uma loja comprar os dois revólveres? Se tentasse comprar numa loja, não conseguiria. A lei brasileira é muito rígida e é dificílimo comprar armas; mais difícil ainda conseguir porte para andar armado.

Semana passada fiz uma palestra sobre trânsito na Câmara dos Deputados. Demonstrei, a deputados, senadores e autoridades de trânsito, que por dia, no Brasil, morrem de 96 a 219 pessoas no asfalto. Imagine agora as autoridades reagindo e dando uma solução: "É preciso proibir veículos automotores!".

Não são os veículos nem as armas que matam. Nem as mãos que estão no volante ou no gatilho. São os cérebros que comandam as mãos. Temos que perguntar que combustível, que munição está alimentando os cérebros que matam. Não faz diferença alguma proibir carros ou armas de fogo. Na China, em 2006, Bai Ningyang invadiu um jardim de infância e matou 12 crianças - o mesmo número de mortos pelos dois revólveres de Wellington - com uma faca e gasolina de automóvel. No ano passado, também na China, numa escola primária, Zheng Minsheng, de 11 anos, matou oito com uma faca. Num jardim de infância chinês, um homem armado de faca matou nove crianças. No Japão, em 2001, um homem matou oito crianças numa escola de Osaka, usando faca de cozinha. Sarney e o ministro da Justiça iriam isentar da proibição as facas, tão letais quanto as armas de fogo de Wellington?

O que as autoridades e nós todos temos que ter é coragem de enfrentar, é dar respostas para o ódio, a violência, a vingança, que estão armando os cérebros neste país. De onde vem isso? Os escritos de Wellington talvez ajudem um pouco, mas são só uma pista. As pixações na casa em que ele morava em Sepetiba mostram um ódio bem difundido. Na internet, li uma mensagem afirmando que ele deveria matar todos os congressistas - o que mostra como andam os nossos cérebros. Matar, resolver no soco, na violência, na força, está bem longe da civilização. A selvageria, o fanatismo nas rixas de futebol, o esporte nacional, mostram isso. É preciso desarmar os cérebros.

Alexandre Garcia é jornalista em Brasília e escreve às terças-feiras em A Gazeta. E-mail: alexgar@terra.com.br


 


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