Indagações da rua
Mais um atrapalho na vida da Agecopa. O Ministério Público Estadual diz que ela só poderia trabalhar as obras esportivas, não as de mobilidade urbana. Há uma enorme preocupação em Cuiabá.
A maioria das pessoas não está nem aí pelas três ou quatro partidas que se vai ter aqui na Copa de 2014. O que todo mundo quer são as obras viárias que esta tricentenária cidade desesperadamente precisa. Essa é a aspiração de todos. E, como diria Drummond, no meio do caminho estão colocando pedras.
Quem começou esse bombardeio na Agecopa foi a Assembleia Legislativa, propondo um novo modelo de gestão. Não foi a própria Assembleia que a criou e também seu modelo de atuação? Agora, às vésperas de se iniciar as obras, resolveram bulir no que ela mesma criou.
Será que foi pela não ida dos diretores da Agecopa a uma reunião promovida pela Assembleia para choramingar a não inclusão de Cuiabá, por não ter 700 mil habitantes, em obras de mobilidade urbana?
Mas seria aquela a hora para criticar Brasília se havia uma audiência marcada do Silval e Blairo com a presidente? E se eles conseguissem reverter a situação com a junção das populações de Várzea Grande e Cuiabá? Ou tudo só começou por causa da disputa e os interesses no VLT ou BRT? A rua anda cheia de indagações.
O Ministério Público poderia ter visto o que viu agora quando se discutia o modelo da Agecopa no governo Maggi. A discussão foi longuíssima e se teve dois momentos.
Um que a Agecopa seria imexível. Mudou com a gritaria, incluindo desta coluna, de que seria uma loucura um suposto futuro governo da oposição não poder fazer nada com as obras da Copa. A decisão foi que a Assembleia poderia mexer na Agecopa com maioria dos deputados. Naquele momento ninguém propôs nenhuma outra mudança. Somente agora erros foram encontrados?
O que seria melhor, o Mistério Público vistoriar as estruturas administrativas existentes hoje no governo, com seus vícios e meandros, ou uma nova e menos burocrática estrutura de ação? Se fiscalizar órgãos do governo é mais fácil, por que se têm tantas reclamações de corrupção no serviço público?
Por que não se põe lá dentro da Agecopa, o Ministério Público, o TCE e quem mais for necessário para não permitir atuação não republicana? Aliás, todos achavam que isso já estava acontecendo.
Ninguém defende a não boa aplicação do dinheiro público ou que a Agecopa é um modelo de eficiência, mas a situação recomenda bom senso de todos os lados. Temos uma única chance em 100 anos para dar uma chacoalhada nesta cidade e estamos, na undécima hora, atirando em nós mesmos.
Não quero ser agourento: e se for verdade que a Fifa pensa em levar para sei lá onde a Copa de Cuiabá? Será que tantos atrapalhos, criados por nós mesmos, não ajudariam nessa suposta mudança? Se ocorresse, seria um desastre para esta cidade.
Alfredo da Mota Menezes escreve em A Gazeta às terças, quintas e aos domingos. E-mail: pox@terra.com.br. Site: www.alfredoemenezes.com