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Terça - 07 de Dezembro de 2010 às 14:16
Por: Alfredo da Mota Menezes

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Alfredo da Mota Menezes escreve em A Gazeta
Alfredo da Mota Menezes escreve em A Gazeta

Li não sei onde que Dilma Rousseff é sabida ou fraca. Sabida por estar aceitando os nomes indicados pelo presidente Lula e não criar nenhum clima adverso nesse momento. Lá na frente ela imprimiria seu rosto ao governo.

Fraca se ela está simplesmente aceitando o que lhe é dado. Se a segunda hipótese tiver alguma nesga de razão, há um componente embutido aí que preocupa. Ela é a primeira mulher eleita presidente no Brasil. Num país machista por tradição ibero-católica, em que manda o pai, o marido, o irmão mais velho, o coronel ou o cacique político.

Com uma boa administração, ela pode levantar a autoestima da mulher brasileira. Fato que ajudaria o Brasil crescer em tantos outros lugares e atividades. Se fizer uma administração não muito boa, lá viriam as conhecidas gozações machistas sobre a posição da mulher em nossa sociedade.

Se ela também não mostrar a cara do seu governo, se não impuser sua marca e marcar sua história, pode-se ter também os indesejados corneteiros fazendo piadinhas sobre machismo. Ou que ela está ali, mas quem manda é o outro.

Se ocorrer, afetaria a autoestima da mulher. E não ajudaria a puxar para outros patamares milhões de mulheres deste país. Esse é o perigo maior.

Existem doídos precedentes. Quando Celso Pitta foi eleito prefeito de São Paulo se dizia que ele poderia, fazendo boa administração, ajudar a crescer a autoestima do negro no Brasil. Que esse seria o legado mais importante do prefeito da maior cidade do país. Não deu certo por uma série de fatores.

No Rio de Janeiro, Benedita da Silva usava a frase "negra, favelada e mulher". Também ela, se fizesse boas administrações, ajudaria a melhorar a imagem criada com a frase. Houve problemas também e lá vieram as chacotas de sempre sobre mulher e negro.

Nos EUA, a vitória do Barack Obama foi saudada como o fato que faltava para colocar o negro do país num patamar que a história local lhe havia negado. Hoje, com a economia andando de lado, já começam a voltar as frases e chistes sobre o negro. Se o Obama der errado não seria nada bom para a autoestima desse segmento da sociedade daquele país.

No caso do Brasil, não dá para torcer para Dilma dar errado porque se estaria torcendo contra uma melhor ascensão da maioria da mulher brasileira para um patamar em que elas já estão em outros países.

A Inglaterra, diz a história, vem fazendo crescer o poder e a atuação desse segmento da sociedade desde as eficientes administrações das rainhas Elizabeth (1558-1603) e Vitória (1837-1876) e da primeira-ministra Margareth Thatcher (1979-1990). A vez é da Dilma. Se der certo, ajuda. Se não der, prestaria um desserviço à nação.

Alfredo da Mota Menezes escreve em A Gazeta. E-mail: pox@terra.com.br; site: www.alfredomenezes.com


 


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