Logística de transporte
O jornal Folha de S. Paulo publicou longa matéria sobre logística de transporte na Amazônia Legal. Tomou como base um estudo encomendado pela Confederação Nacional da Indústria e pelas federações de indústrias de Mato Grosso, Tocantins, Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Pará e Rondônia. O estudo recebeu o nome Ação Pró-Amazônia e também Norte Competitivo.
As entidades patronais vão levar o estudo aos congressistas e governadores eleitos da região. É proposto uma ação integrada para o transporte de toda a área. Não é um estado fazendo estradas descoordenado dos interesses dos outros estados.
A intenção é atuar em conjunto para resolver o grave problema de infra-estrutura de toda a região. E também, talvez pela primeira vez, tentar fazer que todos os parlamentares da área, principalmente os senadores (24 dos 8 estados), atuassem em Brasília numa mesma direção.
Veja a importância para MT do estudo feito pela Macrologística (a mesma empresa que fez os estudos para o porto de Morrinhos na hidrovia Paraguai-Paraná). Obras elencadas pelo estudo: hidrovias Juruena-Tapajós, Teles Pires-Tapajós, Paraguai-Paraná, Araguaia-Rio das Mortes e Tocantins até Estreito; estrada de ferro Carajás; BR-163 via Miritituba; ferrovia até Lucas do Rio Verde; BR-163 via Santarém; BR 364. Das onze obras, nove delas interessam ao estado.
A região coberta pelo estudo tem 5,2 milhões de quilômetros quadrados, que correspondem a 60% do território do país. A intenção é melhorar o desempenho de 16 cadeias produtivas da área.
O estudo detectou 151 projetos relevantes para a Amazônia Legal que custariam 52 bilhões de reais. Diminuíram para uma lista menor de 71 projetos com gastos de 14 bilhões. Enxugaram mais ainda, com uma lista prioritária de 34 projetos que custariam 6,8 bilhões de reais. Se saírem pelo menos esses já seria uma vitória.
O projeto critica o PAC para a área. Mostra que "o programa olha obras isoladas, sem vínculo com um sistema logístico". Ou, em palavras diferentes, fazem-se algumas obras, mas sem uma visão integrada da região.
O estudo diz que a região não seria competitiva em exportação com os países sul americanos. Vou meter minha colher de pau nesse item. Pode ser que não seja competitivo para alguns estados da região, mas para MT, MS e Acre acho que seria. Somos estados fronteiriços, produtos dos outros deveriam andar longas distâncias.
Ouso mais um passo: será que os produtos da Zona Franca de Manaus não poderiam ir até Santarém por água? Daí, através da rodovia 163, chegar a Cuiabá ou a Cáceres e serem levados para os países dos Andes? Ou, chegando em Cáceres e através da hidrovia Paraguai-Paraná, para o Mercosul? A matéria do jornal não mostra se o estudo analisou esse viés.
Alfredo da Mota Menezes escreve em A Gazeta às terças, quintas e aos domingos. E-mail: pox@terra.com.br; site: www.alfredomenezes.com