Fusão e incorporação fortalecem
Li recentemente um artigo de Edivaldo Del Grande, presidente da Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo (Ocesp), no qual ele dizia que as cooperativas devem se unir para se tornar mais fortes e mais eficientes. Fiz esta menção porque considero muito oportuna, serve como referência na abordagem que farei de um acontecimento, considerado como marco de união para o fortalecimento do sistema de cooperativa de crédito em Mato Grosso, que tem dois sistemas relevantes em operação, o Sicoob e o Sicredi, sendo este último o foco do meu artigo.
Visando ampliar seu capital, seus pontos de atendimentos, seus cooperados e a competitividade ocorreu, neste mês de novembro, a fusão do Sicredi Centro Norte-MT e Sicredi Sudoeste-MT, duas cooperativas de crédito cujo potencial certamente é relevante para a economia mato-grossense. Uma vem mostrando a força do interior e a outra a visão de futuro da metrópole.
Fusão e incorporação, palavras que se tornam comuns no dia a dia dos negócios, promovem o fortalecimento e não devem ser motivos de preocupação, para que os momentos de transição, decorrentes desta união, sejam o mais tranqüilo possível. Vale citar recentes exemplos de grandes empreendimentos financeiros nacionais no que tange a fusão e incorporação. A fusão de dois gigantes, o Itaú e Unibanco, ampliou significativamente a participação no mercado, com a união passaram a ter R$ 651,6 bilhões em ativos e 110 mil funcionários. Temos também a incorporação bem-sucedida do Santander com o Real, conglomerado que em dezembro de 2009 contava com ativos totais de R$ 316 bilhões e mais de 10 milhões de correntistas ativos.
Cabe ainda um exemplo de união vindo do próprio sistema cooperativo de crédito, em âmbito nacional, que é a parceria entre o Banco Sicredi e o grupo holandês Rabobank, visando fortalecer o banco brasileiro, via um dos maiores bancos cooperativos do mundo. Os ativos administrados e o patrimônio líquido do banco atingiram R$ 17,9 bilhões, no primeiro semestre deste ano. Na parceria o Rabobank, ficou com a participação de 30% do capital do Banco Sicredi.
Voltando ao Sicredi local, uma realidade diferenciada em relação aos bancos convencionais, tanto de gestão quanto de movimentação financeira. Com a união das duas cooperativas, nos próximos cinco anos, Cuiabá e a vizinha cidade Várzea Grande contarão com 15 pontos de atendimentos da cooperativa. Se são os números o que mais interessam numa fusão, vale destacar que terão R$ 400 milhões em operações de crédito e R$ 200 milhões em depósitos. Parte dos rendimentos virão do setor agrícola.
Numa cooperativa, mais do que cliente, todos são donos. Quem cuida do seu negócio, obviamente quer vê-lo crescer, razão pela qual é preciso fomentar a oferta de crédito, dando garantias de maior rentabilidade, mais redução de taxas nas operações, e um fator que todos desejam, a certeza da divisão das sobras. Isso vem como valores agregados nesta união entre a Sicredi Centro Norte-MT e Sicredi Sudoeste-MT.
Encerro com as palavras do presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras, Márcio Freitas, que considero como uma importante reflexão: "A cooperativa é uma organização de pessoas. Nasce da vontade das pessoas, que precisam ter um projeto e objetivo em comum, e tem que ter um projeto de viabilidade econômica. Porque o cooperativismo é uma atividade econômica. Não é uma ação entre amigos, mas sim uma forma societária de desenvolver a atividade econômica, e buscar resultados nessa atividade econômica que individualmente é mais difícil do que no coletivo."
Pedro Nadaf é secretário de Estado de Indústria, Comércio, Minas e Energia e presidente do Sistema Fecomércio/Sesc/Senac-MT. E-mail: p.nadaf@terra.com.br