Educação: porta de entrada...
Há marcas de um novo tempo em Mato Grosso. É possível visualizar pontos fundamentais de qualidade estrutural na composição dos pilares de sustentação de desenvolvimento do Estado. As primeiras lições foram feitas e os resultados mostram que se está no caminho certo.
Educação é política estruturante, talvez a maior de todas. Nesta particularidade, Mato Grosso vem realizando com competência o seu dever de casa. Garantiu conforme a lei, vagas para quem deseja estudar. Investiu fortemente em estrutura física, tendo em 2010, 80% da rede escolar reformada. É o primeiro Estado da federação a garantir merenda escolar, desde 2008, a todos os estudantes do ensino médio, EJA e o noturno, que não eram inclusos no programa nacional.
Paralelo a esta questão, definiu com a categoria regras básicas para a carreira, assegurando 60% dos recursos para a folha líquida de salários, sustentando um plano de carreira, com qualidade, assegurando a uma carreira inclusiva aos profissionais da educação. Mato Grosso é o único Estado da federação a ter conquistado com legitimidade esse avanço.
Nas questões referentes às condições de trabalho para o professor, o Estado vem escrevendo uma nova história. Por meio da instalação de internet banda larga em toda rede, laboratórios de informática no campo e na cidade, bibliotecas com profissionais e literaturas à disposição dos professores e estudantes, avançou enormemente na tecnologia de comunicação. O maior investimento, no entanto, vem se consolidando na formação dos profissionais da educação. Existem hoje 15 Centros de formação de professores (CEFAPROS), com mais de 450 formadores, garantindo uma política de formação continuada que desperta a atenção do país. Em Mato Grosso, os profissionais têm a oportunidade de qualificar-se no interior das escolas através do projeto “sala dos profissionais da educação”. Em 2010 mais de trinta milhões serão investidos na política de formação.
Na expectativa de construir todos os instrumentos possíveis para a qualidade da educação, no último dia 27, o Estado lançou as Orientações Curriculares para a educação básica, permitindo às escolas públicas orientativo, com base comum, para apoiar os projetos pedagógicos das escolas. Como afirma Paulo Freire: “a educação... não pode fundamentar-se numa compreensão dos homens como seres vazios, a quem o mundo encha de conteúdos... mas sim a da problematização dos homens em suas relações com o mundo”.
É nesta vertente que as Orientações Curriculares de Mato Grosso, oferecem as suas escolas pilares que contemplem os conhecimentos necessários para que os estudantes possam romper a condição inicial de quem desconhece o mundo letrado, para estabelecer interfaces com as suas vivências, construindo os saberes fundamentais para a vida e para o mundo do trabalho. A política de educação ora implementada no estado aponta na direção de que, conforme Boaventura Santos “...uma transformação profunda nos modos de conhecer, deve estar relacionada de uma maneira ou doutra, com uma transformação igualmente profunda nos modos de organizar a sociedade”. Nesta perspectiva, o Estado optou por consolidar a educação com política estruturante do seu desenvolvimento.
A inclusão social , avançou tanto em Mato Grosso que passou, por conseqüência, pela porta da escola. Em estudo recente, realizado pela ONG “todos pela educação” , ficou demonstrado que Mato Grosso foi o Estado da federação em que as escolas mais avançaram de forma homogênea , permitindo uma avaliação altamente significativa no contexto das atuais políticas. Os índices apontados pelo MEC (Ideb 2010) elevam Mato Grosso a uma posição de destaque no ranking nacional : 5º lugar nos anos iniciais , 2º lugar nos anos finais do ensino fundamental e 12º lugar no ensino médio.
O ensino médio, desafio em todo país, aqui no Estado vem dando mostras de um novo tempo, são os projetos de ensino médio inovador, de educação média integrada ao ensino profissional, garantindo aos adolescentes e jovens integrar teoria e prática, além de ganhar perspectivas de prosseguimento nos estudos com os conceitos relacionados ao mundo do trabalho já iniciados.
Em todos os países desenvolvidos a educação foi mola propulsora, no Brasil, e especialmente em Mato Grosso, temos indicativos de impulsão do desenvolvimento via educação. Entretanto, a história consolida os conceitos, mas sem decisão política e determinação social dificilmente haverão conquistas. Colocar a educação como moeda de barganha em disputas eleitorais, não é minimamente inteligente.
Discutir ideias e projetos diferentes permite o processo didático de avaliação da sociedade, desmontar projetos em desenvolvimento com avaliações positivas é, quando menos, insano.
O país vive o movimento rico e democrático do processo eleitoral, há proposições diferentes de sociedade em debate. As informações honestas e verdadeiras precisam ganhar as ruas, especialmente com a educação é preciso o respeito, perto do sagrado, aos que de forma anônima, garantem possibilidades de vida nova às crianças que nascem e vivem no Estado de Mato Grosso . A utopia de uma educação pública de qualidade e para todos é uma utopia possível, basta deixar a educação, de forma livre, democrática, justa e responsável prosseguir na caminhada . A porta de entrada da escola e a permanência inclusiva é a condição para que os filhos dos trabalhadores dominem os conhecimentos historicamente acumulados, conviva de forma cidadã com os seus pares e conquiste os instrumentos necessários para viver com dignidade.
Rosa Neide Sandes de Almeida
Secretária de Estado de Educação e professora da educação básica de Mato Grosso há 30 anos.