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Terça - 07 de Setembro de 2010 às 22:08
Por: Emyle Daltro Pellegrim

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Emyle Daltro Pellegrim
Emyle Daltro Pellegrim

Conheci Chico Daltro quando eu ainda era adolescente. Economiário e líder sindical, ele já despontava como promessa política dentro da família Daltro, uma família, cujos patriarcas investiram, prioritariamente, na educação dos filhos, fator que possibilitou a penetração social e política que hoje muitos de seus integrantes possuem no estado de Mato Grosso. Filho de pai baiano e mãe mineira, Chico Daltro nasceu e foi criado em Cuiabá, formou-se em direito e desde que entrou para a carreira política, só escuto notícias sobre os bons resultados de seus projetos e sobre o seu sucesso à frente das pastas que geriu, como é o caso da Secretaria de Estado de Agricultura – onde investiu prioritariamente no pequeno produtor rural - e mais recentemente a Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia, na qual mostrou sua habilidade em ampliar recursos e bem direcioná-los, com investimentos no fortalecimento da educação superior, na educação profissional e tecnológica (qualificação profissional), na construção de escolas técnicas estaduais, na viabilização de bolsas de estudo em nível de mestrado e doutorado, impulsionando a pesquisa no estado de Mato Grosso, entre outras ações.

Apreciador da música popular brasileira e leitor voraz, é fácil perceber que gosta de gente e que pauta sua história investindo nas pessoas. Fator este de suma importância para qualquer governo que reconheça a necessidade de investir em projetos que promovam o desenvolvimento humano, sendo que tais projetos passam pela Arte.

“Sem transformação das mentalidades e dos hábitos coletivos haverá apenas medidas ilusórias relativas ao meio material”, escreveu o pensador Félix Guattari. Em Mato Grosso, com o alinhamento político proposto pela coligação Mato Grosso em Primeiro Lugar, o governo do estado terá condições de assumir tais transformações e, um maior investimento na Arte é fundamental nesse sentido. Os países do mundo que entenderam e fizeram isso, conseguiram grande destaque, inclusive econômico. No Brasil, vale citar o empresário Bernardo Paes que, com o apoio do Governo do Estado de Minas Gerais e do Governo Federal, vem fazendo com que seu estado se configure mundialmente como referência na arte contemporânea, atraindo a visitação de milhares de pessoas do Brasil e do mundo. O agente desse sucesso é o Centro Cultural Inhotim, localizado na pequena cidade de Brumadinho, a 60 quilômetros de Belo Horizonte.

Outro exemplo de menor porte, mas não de menor valor é o Núcleo do Dirceu - um coletivo de artistas autônomos que trabalha no campo da arte contemporânea - em Terezina, Piauí, apoiado pelo Governo do Estado do Piauí e pelo Governo Federal.  O coletivo - formado por bailarinos, coreógrafos, atores, músicos, produtores e artistas midiáticos - com o investimento do Estado, está conseguindo atrair a atenção de artistas e pesquisadores de vários estados brasileiros e de outros países, promovendo trocas e colaborações artísticas e culturais que geram um movimento de transformação da região onde vivem, o qual está fazendo eco até aqui em Mato Grosso!

Muitos são os exemplos de iniciativas como essas, inclusive fora do eixo Rio-São Paulo, como é o caso dos exemplos citados, mostrando que é possível sim, mas precisamos de vontade e muita vontade política.

Com a Copa do Mundo de 2014, Mato Grosso terá a visibilidade que tanto queremos. O mundo quer ver o que nos diferencia e, mostrar que somos um povo que produz arte, que é capaz de criar e de se reinventar como seres humanos melhores, certamente é um diferencial. É isso que queremos mostrar, que podemos ser os primeiros também na produção de bens simbólicos, na pesquisa de linguagens artísticas, os primeiros na formação de novos criadores, na promoção do acesso ao maior número de pessoas à arte produzida aqui, os primeiros na divulgação da arte que criamos, os primeiros no incentivo a trocas artísticas e culturais, etc.

Essa vontade de mudança necessita estar ancorada em planejamento, um Plano Estadual de Cultura necessita ser urgentemente elaborado, para não nos pautarmos em “achismos” e para conseguirmos continuidade das ações relativas à cultura. Com o Plano Estadual de Cultura, Mato Grosso poderá ter condições de acompanhar as mudanças que estão sendo gestadas em nível nacional e mundial, muitas das quais têm como guia o paradigma ético-estético. Um novo paradigma estético (âmbito tão bem trabalhado pela Arte) prevê mudanças em como as pessoas sentem, percebem, vêem as coisas, impulsionando o desenvolvimento humano. Eis um importante projeto para um homem de grandes projetos como Chico Daltro assumir junto a Silval Barbosa e a toda a população mato-grossense.

Outro dado importante é a reivindicação nacional dos profissionais ligados à arte e à cultura, prevista no Projeto de Emenda Constitucional - PEC 150 – de que seja investido no segmento cultural 1% da arrecadação municipal, 1,5% da arrecadação estadual e 2% da arrecadação federal. Mato Grosso está ainda longe dos 1,5%, mas com a vontade e a habilidade que Chico Daltro mostra, sempre ampliando os recursos das pastas que administra, sabemos que é possível incrementar gradativamente os recursos para a cultura, até alcançarmos esse patamar de 1,5%. Assim, Mato Grosso sairá na frente, conseguindo mais respeito e reconhecimento não só nacional como mundial, o que muito fortalecerá o direcionamento tomado pelo governo Blairo Maggi e que Silval Barbosa com certeza continuará, que é o de cravar no mundo um lugar de destaque para Mato Grosso.

* Emyle Daltro Pellegrim, artista da dança, graduada em Comunicação Social, especialista em Planejamento e Gestão Cultural e mestranda em Estudos de Cultura Contemporânea



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