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Quarta - 18 de Agosto de 2010 às 00:11
Por: Alfredo da Mota Menezes

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Alfredo da Mota Menezes escreve em A Gazeta
Alfredo da Mota Menezes escreve em A Gazeta

Todos os candidatos majoritários em MT são contra o ato do governo federal que proíbe plantar cana na Bacia do Alto Paraguai. É época de eleição, é compreensível. Mas o problema vai além de uma eleição.

Duvido que o exterior compre etanol produzido na região ao redor do Pantanal. Se um dia realmente abrir o mercado de etanol no exterior, aquela área estadual não receberá o aval de compradores de fora. O governo federal, ao proibir esse plantio, tinha isso em mente.

O zoneamento agroambiental aprovado pela Assembleia Legislativa também vai contra aquela proibição do governo federal. Vai mais além ao defender que se pode plantar cana, na nossa região amazônica, nas terras consolidadas ou áreas já abertas há muito tempo.

Duvido outra vez que o exterior compraria etanol produzido nelas. Ah, o exterior não pode dizer o que devemos ou não fazer. Besteira. Lembra dos "brincos" no gado daqui? O exterior impôs aquilo ou não compram a nossa carne. O choque no bolso fala mais alto que rompantes de momento.

No caso ainda do etanol, ouso uma sugestão: os produzidos nas áreas consolidadas ou no entorno do Pantanal não seriam para exportação, poderiam ser vendidos internamente. Não se ouve nenhum candidato pelo menos defender uma medida como essa. Talvez não dê votos também.

Quer outro caso? Já existe a moratória da soja desde alguns anos. As grandes do comércio de grãos, Bunge, Amaggi, Cargil, Dreyfus e ADM, não financiam e nem compram soja na região amazônica. Motivo? O exterior não compra carne de gado que fosse alimentado com torta de soja produzida ali.

Se não estou equivocado começou com um pequeno movimento na Holanda em que consumidores não compravam hambúrguer da Mc Donald de carne de gado alimentado daquela forma. Espalhou pelo mundo. As "cinco irmãs" sentiram o perigo e recuaram de financiar soja naquela área.

Os frigoríficos Marfrig e Friboi não querem comprar mais gado alimentado em terras nas fraldas da Amazônia. Motivo? O Carrefour e o Pão de Açúcar não querem essa carne. O exterior idem.

A madeira já tem que ser certificada, ou como e onde foi tirada, para ter comprador no exterior. Até mesmo o estado de São Paulo, maior comprador nacional, anda pedindo essa certificação.

Compatibilizar meio ambiente e produção econômica e mais o gargalo dos transportes deveriam ser assuntos dominantes de uma agenda de campanha em MT. Fala-se muito pouco sobre isso. Ninguém quer desagradar ninguém e todo mundo apoia o que for preciso para ter o voto. É do jogo, mas a verdade é outra.

Transporte e produção com respeito ao meio ambiente são questões que vão nos acompanhar e atormentar por muitos anos à frente.

Alfredo da Mota Menezes escreve em A Gazeta. E-mail: pox@terra.com.br site: www.alfredomenezes.com



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